quarta-feira, 31 de julho de 2013

Tinguá Não Vai Subir

Este ano dificilmente subiremos para o Sudeste do Brasil com o Tinguá como nos anos anteriores. Primeiro tivemos aqui em Floripa o Encontro Nacional dos Velejadores de Cruzeiro da ABVC, no feriado de Corpus Christi, em que participei da organização. Depois a família marcou férias de julho no Canadá. Argumentei que era a época da Semana de Vela de Ilhabela e do Cruzeiro Costa Verde, mas não havia outra data pois precisava ser no verão do hemisfério norte e nas férias escolares dos filhos. Retornei agora precisando dar um tempo em casa e daqui há pouco já esquenta por aqui. Talvez passe alguns dias navegando na região de Paraty a bordo do Kyriri ete, atendendo os convites do Giovani.

Fui relutante para o Canadá. Mas me surpreendi com o país e gostei muito. São muito organizados, cultos e educados, adoram estar junto da natureza praticando esportes, caminhando, pedalando ou fazendo pic-nics. O país é lindo, muito seguro, com uma qualidade de vida impressionante. Mesmo tendo semelhanças com os Estados Unidos são melhor para o meu gosto, com maior influência européia. O inverno é difícil e rigoroso, mas segundo nossa sobrinha que mora lá eles não ficam parados, mudam as atividades.

 Uma das marinas, nas pequenas ilhas em frente a Toronto, no Lago Ontário

Não fui em nenhum lugar com mar e mesmo assim vi mais veleiros que no Brasil inteiro e eles são só 34 milhões. Tudo que é rio de maior tamanho ou lago tem marinas e iates clube.

domingo, 7 de julho de 2013

Subindo a Costa do Brasil no Cascalho 2

Deixamos Abrolhos, às 13:20h de sexta-feira (28/06), com mar de azeite e ventos fracos de Leste, 6-8 nós, o que nos obrigou a motorar para poder chegar no estofo da maré cheia na barra do rio em Santo André. E assim foi durante toda a travessia com por do sol e aurora espetaculares e noite de lua e estrelas. Chegamos a Barra do Rio João de Tiba junto com o Vagabund, que havia saído duas horas antes e fez uma rota um pouco diferente, na hora certa para adentrarmos (08:15h).

 Mar de azeite (Foto: Mauriane Conte)

 Por do Sol

Amanhecer


Entramos sem maiores problemas seguindo a rota recomendada da carta náutica digital CCDGold, mostrando o caminho para o Vagabund, ancorando em frente ao Restaurante Gaivota. Descemos logo para uma volta de reconhecimento em terra, servindo de guia para o Luiz e a Mauriane. Encerramos a manhã com uma caipirinha e uma moqueca de peixe e camarão no Gaivota. Depois do almoço enquanto organizava as fotos eles aproveitaram a maré baixa e foram jogar Frescobol num banco de areia do rio.


 Cascalho entrando no rio, em Santo André

Ancorado no Rio João de Tiba, em Santo André

No domingo (30/06) caminhamos os 2,5 km até a balsa, juntamente com Zack e Magda do Vagabund, e fomos passear em Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro. Retornamos à tarde fazendo a caminhada entre a balsa e a vila pela areia da beira do mangue, descoberta pela maré baixa.


Traineiras de pesca em Cabrália
  
O garçon do Restaurante Gaivota tinha nos falado que ia ter televisão para a decisão Brasil x Espanha, da Copa das Confederações de Futebol. Quando chegamos o restaurante estava fechado, mas Ana, a proprietária, com sua habitual cortesia, providenciou a instalação da TV de sua casa e nos deixou à vontade para assistir o jogo, com o Luiz atuando como garçon na busca das cervejas. Com a alma alegre pela excelente vitória brasileira, fomos para "casa" dormir.


No Restaurante Gaivota torcendo pelo Brasil

Segunda (01/07) cedo fomos, Luiz e Eu, no mercadinho comprar pão e encomendar duas bambonas de água, enquanto Mauriane preparava seu sempre gostoso café da manhã. Em seguida fomos de botinho até Cabrália pegar 40l de diesel. Antes de irmos almoçar no Gaivota Luiz cumpriu a promessa de mostrar o Cascalho para os meninos Francis, Katleen, Júlia e a Laura (filha da Ana). Ainda deu tempo de conhecermos o equipadissimo Maverick440, dos nossos novos amigos sul africanos.

Luiz trazendo Francis e Katleen para conhecer o Cascalho

Suspendemos âncora às 13:45h com a maré já vazando e seguimos rumo a Ilhéus. Como não tínhamos mais que chegar em uma maré determinada ou antes de um vento contrário fomos velejando. No inicio numa orça apertada com vento Leste de 6-8 nós, que ao anoitecer rondou para ESE de 10-12 nós, o que somado ao nosso novo ângulo de rumo nos permitiu velejar em orça folgada e mais tarde de través, aumentando bastante nosso rendimento. No final da madrugada haviam várias trovoadas armadas. Uma delas nos pegou com ventos de até 20 nós de NW e um rápido aguaceiro, o primeiro até então, que "adoçou" o Cascalho. Pela manhã ainda pegaríamos uma boa hora de chuva e ventos mais fracos de popa. Que diferença velejar de popa num catamaran!

Já nas proximidades de Ilhéus na região dos parcéis, próximo ao Parcel das Sororocas, finalmente fisgamos o único peixe de toda a viagem. Uma Sororoca de pouco mais de 1 kg, que foi preparada para o almoço já numa poita do Ilhéus Iate Clube, onde chegamos às 13:15h. Foram 105mn em 23:30h, com no máximo uma hora de motor.


 Sob a proteção de Netuno, em Ilhéus

Quarta feira (03/07) fizemos um passeio pelo Centro Histórico de Ilhéus e à tarde embarquei de volta para Floripa. Uma boa dica para almoçar em Ilhéus é o tradicional Bataclan, com uma boa comida a quilo num ambiente muito legal.

 Luiz e Mauriane experimentando Rambutan

Pena que não tinha disponibilidade para seguir até Salvador. Foram dias maravilhosos que não vou esquecer, na companhia de um casal especial que me receberam muito bem. Muito obrigado de coração, Luiz e Mauriane.

E o Lagoon380? Alguém deve estar perguntando. Muito bom. Confortável e funcional com boa performance e bem construido. Confirmou e superou minhas espectativas. Agora é correr em busca do sonho de ter um destes...


Mais imagens aqui.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Subindo a Costa do Brasil no Cascalho 1

Meu sonho é um catamaran Lagoon380 para sair com a família por aí. E não é que por causa deste sonho e o gosto pelos cruzeiros à vela conheci o casal Luiz Fernando da Silva e Mauriane Conte, dos quais já falei aqui. Eles compraram seu Lagoon380 e foram viver a bordo ou viver à vela, como eles preferem. Luiz e Mauriane, que tem uma linda história, depois de virem de Roma com seu catamaran até Santa Catarina, onde moram seus familiares, estão subindo a costa brasileira rumo ao Caribe e me convidaram para fazer um trecho a bordo do Cascalho.

O cascalho, um Lagoon380S2
 
 Assim embarquei no Cascalho no último dia 21/06 (sexta-feira) no ICRJ onde eles chegaram nesta mesma tarde vindos da Ilha Grande. Estudamos as previsões e resolvemos sair no domingo pela manhã direto a Abrolhos, numa travessia de cerca de 440 mn, pulando Vitória onde havia previsão de pegarmos alguns dias de ventos NE. Aproveitamos o sábado para fazer mercado e após completarmos os dois tanques (120l cada) de diesel zarpamos às 08:35h da manhã de domingo (23/06).


Subindo as velas na saída do Rio

Saímos com mar de até 2m com ondas de Sul e ventos fracos de SE. Com pouca ajuda do vento motoramos até passar o Cabo Frio, às 19 horas, quando tivemos melhor ângulo e o vento foi crescendo até os 13-15 nós, nos permitindo 16 horas só nas velas, mantendo uma média de pouco mais de 6 mn/hora.


Pesqueiro em alto mar

Amanhecer, sempre lindos

Na terça-feira (25/06) passamos pelo través de Vitória, 40 milhas mar a dentro, pelas 7 horas da manhã. No través do Rio Doce fomos visitados pelos primeiros Golfinhos. O vento diminuiu e tivemos que ajudar no motor. Luiz utiliza um motor de cada vez e assim perde apenas cerca de um nó de velocidade final, mas economiza combustível e os motores. Os dois motores só são usados na entrada e saída dos portos e em manobras.


Golfinhos em seu balé na proa do Cascalho

Na madrugada do último dia, quarta-feira (26/06), o vento foi mais fraco do que as duas noites anteriores, entre 5-8 nós, mas a lua ainda cheia continuava a nos acompanhar nas noites com muitas estrelas. Pela manhã, já próximos do Arquipélago de Abrolhos, começamos a avistar muitas baleias Jubarte dando seus belos saltos. Infelizmente nenhuma chegou tão próximo que rendesse uma boa foto. Ancoramos no fundeadouro Sul da Ilha de Santa Bárbara por volta das 08:15h, tendo feito uma média de 6,1 nós. Tratamos logo de dar um mergulho naquelas águas transparentes.


Cascalho ancorado em frente a Ilha de Santa Bárbara

Os dias em Abrolhos foram maravilhosos. Fomos muito bem recebidos tanto pelo Guarda Parque Edson Alves (Edinho) do ICMBio (responsável pelo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos) como pela guarnição da Marinha do Brasil (responsável pelo farol), comandada pelo Sarg. Paulo César. Já na primeira tarde Edinho nos levou para assistir Brasil x Uruguai em sua casa. Na manhã seguinte (27/06) deixamos de ser os únicos com a chegada do catamaran Sul Africano Vagabund, do Zack e da Magda. E fomos levados pelo Edinho para uma visita a Ilha Siriba, criadouro natural de Atobás brancos e marrons e de Grazinas. À tarde foi dedicada ao snorkel nas proximidades das Ilhas de Santa Bárbara e Siriba.


Filhote de Atobá Branco, na Ilha Siriba

  
 Grazina chocando seus ovos

 
 Peixe Frade

No final desta tarde, gentilmente ciceroneados pela Cabo Enfermeira Geane, tivemos a honra, as duas tripulações, de acompanhar o acendimento do farol. Inaugurado em 1861 o Farol de Abrolhos, com 35 mn de alcance, é o segundo mais antigo em atividade no mundo. Voltamos para o Cascalho maravilhados para saborear uma picanha com um bom vinho tinto, já que não pegamos um único peixe em toda a travessia.
 


A lâmpada do farol



 O farol recém acesso

 Abrolhos vista do farol

Na sexta (28/06) não sem antes fazermos mais snorkel, zarpamos às 13:20h rumo a Santo André, no litoral Sul da Bahia, distante 109 mn, com muita pena de deixar aquele paraíso. Dias ensolarados de céu azul, águas transparentes e calmas, noites de lua com muitas estrelas, recepção calorosa dos brasileiros que lá servem.

O lado norte da Ilha de Santa Bárbara

Mais imagens aqui.