sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Travessia Annapolis-Florida - Charleston

Em Charleston fizemos uma parada maior e ficamos dois dias para dar tempo de conhecer a cidade. Chegamos com o Por do Sol de sexta feira (23/10) e saímos com o amanhecer da segunda feira. Primeiro cuidamos de lavar roupa, abastecer de água, uma mangueirada no barco, estas coisas que se faz quando se chega em um porto depois de alguns dias navegando.

Charleston ao Por do Sol

No sábado à tarde fomos visitar o Patriot’s Point, bem ao lado da marina onde estávamos. Trata-se de um museu militar, em um parque junto ao Cooper River onde estão inúmeros equipamentos militares utilizados na II Grande Guerra ou mais recente pela marinha americana. O destaque são os vasos de guerra: o porta aviões USS Yorktown de 1944 e o submarino USS  Clamagore construído em 1945, além de um destroyer. Dentro do porta aviões há um verdadeiro museu de aviões de combate, anfiteatro com apresentações, simulador de voo, etc. É um analtecimento ao patriotismo, tão cultuado pelos americanos, mas muito interessante.

O Yorktown

Hangar do Yorktown 

Sala de máquinas do Yorktown

Submarino Clamagore 

Interior do submarino

No domingo fomos conhecer o centro histórico de Charleston. A cidade situa-se na ponta de uma península formada pelos rios Ashley e Cooper, a poucas milhas do Atlântico. Foi fundada em 1670 e seu nome é uma homenagem ao rei Charles II, da Ingleterra. Logo se tornou uma rica colônia baseada nas plantations de fumo, arroz e anileiras. Ainda uma cidade importante com um movimentado porto comercial e porto de cruzeiro. Quem vem de Mount Pleasance onde estávamos chega na cidade pela imponente Ravenal Bridge.

Ravenal Bridge entre Charleston e Mt. Pleasant

A arquitetura preservada do bairro histórico com construções de vários estilos, sem prédios, com ruas arborizadas e tranquilas, algumas transversais conservando a pavimentação de pedras irregulares tornam a cidade charmosa e agradável. Pelo nível dos carros nas casas nota-se que a região é valorizada. Igrejas de variadas religiões, inclusive uma Igreja Huguenote em estilo gótico francês. Outra atração é o City Market, estreito e longo, o ponto de encontro dos turistas.




Exemplos da arquitetura da Charleston antiga

Na entrada do porto numa ilhota fica o Forte Sumter, conhecido por ter sido o local da primeira batalha da Guerra Civil Americana, em abril de 1861. 

O Forte Sumter

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Travessia Annapolis-Florida - Etapa 4 Southport (NC) - Charleston (SC)

No dia 22/10 bem cedo (07:55h) deixamos a ancoragem no Dutchman Creek em Southport para cumprirmos as 142 mn até Charleston na Carolina do Sul (SC), nosso quarto estado nesta travessia e nossa quarta etapa. Como toda esta costa é cheia de rios, meandros, lagoas (sounds) e muitas barras (inlets) com o mar a corrente continuou sendo um problema (quando contra naturalmente).

Quando o Sol nasceu já estávamos na "estrada"

Passamos por um trecho da IntraCoastal Waterway (ICW) conhecido por Rock Ledges pois o solo é formado por rochas. Neste trecho o canal é mais estreito pela dificuldade de construção ou aprofundamento e a atenção precisa ser redobrada pois uma encalhada resultará em arranhões no casco, no mínimo. Ao entrarmos na Carolina do Sul navegamos por algumas horas pelo Waccamaw River, largo,  profundo e com muitas árvores e uma extensa área de preservação (wildlife refuge). Dias ainda muito limpos e ensolarados com a temperatura chegando aos 27 C e vento fraco. O pernoite foi num os afluentes do Waccamaw, o Thoroughfare Creek, onde adentramos cerca de 2 mn para fugir da forte correnteza. Ancoramos às 18:45h com o Sol se pondo, quanto mais ao Sul mais tarde ele se põe. Percorremos 69 mn.

Tráfego 

Ainda na Carolina do Norte 

Na Carolina do Sul, o Waccamaw River

Dia seguinte (23/10) suspendemos âncora antes do Sol nascer, assim que deu para enxergar o caminho. Tínhamos uma ponte de abrir (drawbridge) a 6 mn da chegada em Charleston e ela não abre entre 16-18 h. Percorremos ainda algumas milhas no Waccamaw, pena que com corrente contra, até Georgetown. A paisagem mudou. Entramos na região chamada Lowcountry. Continua muita água, com terras baixas e inundáveis. Aqui tem muito um capim que eles chamam Sweetgrass e com o qual se fazem cestos muito bonitos. A variação das  marés é maior (pegamos até 2,5 m). Há alguns trechos de baixios (shoalings) e barcos com maior calado podem depender da maré enchente para passar. Nestes trechos tivemos  1,6  até 2 metros de profundidade máxima, dependendo do nível da maré. Para nós não é problema, calamos 1,20 m, desde que acertemos a parte mais profunda do canal.

Amanhecer navegando no Waccamaw River 

A Lowcountry ,região das terras baixas 

Cestos feitos com o Sweetgrass da Lowcountry

Observando a "estrada"

Mais um dia quente com sol e nuvens. Chegamos quase uma hora antes na Ben Sawyer Bridge por um erro meu que estava navegando pelo ponto de chegada ao invés do da ponte. Então ancoramos para esperar a abertura às 18h. Às 18:45h nos amarramos na Charleston Harbor Resort and Marina. A marina fica em Mount Pleasant, na outra margem do Cooper River, um dos dois rios que formam a península onde fica Charleston. Mais uma etapa cumprida.

Chegando em Charleston

A Charleston Harbor Marina tem uma estrutura fantástica mas nos decepcionou e revelou-se inadequada para cruzeiristas. O wifi é simplesmente terrível, digno de um palavrão, os banheiros tanto os da marina como os da piscina do resort anexo estavam interditados e a área da lavanderia é ridícula, com apenas duas máquinas de lavar e duas de secar. Tudo que o cruzeirista quer quando chega numa marina é ruim. Não recomendo.


Vista da Charleston Harbor Marina


Onde esta o TinguaCat?

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Travessia Annapolis-Florida - Etapa 3 Beaufort (NC) - Southport (NC)

Na terça feira (20/10) acordamos mais tarde (8h) demos uma mangueirada no barco, completamos o tanque de água e os de diesel.  A roupa já havíamos lavado no inicio da noite. Depois fomos até o centro de Beaufort para conhecer e comprar alguns itens no mercado. Caminhada de 2 milhas muito boa depois de 5 dias a bordo. A cidade é pequena e charmosa. Fica na margem esquerda do largo Newport River e em frente ao Taylor Creek que corre  paralelo ao mar. Na margem direita fica Morehead City, uma cidade maior inclusive com porto. Existe uma boa barra para a Atlântico em frente as cidades. Beaufort é bastante voltada a náutica e seu downtown se dá em torno das docas da marina da cidade as margens do Taylor Creek. Na volta, na última milha, com as compras do mercado uma bondosa senhora nos ofereceu uma carona até a marina.


Duas imagens do centro de Beaufort (NC)

Exatamente às 12:00h soltamos as amarras na marina e com 2 nós de corrente contra descemos o rio, passamos uma ponte fixa e dobramos a direita pegando nosso rumo principal Sul.  Navegamos o lindo dia com vento fraco por uma região paralela a costa com muita água. A temperatura subiu, levantamos com 11 C e tivemos 20 C. Uma ponte para abrir. Na metade final da tarde navegamos algumas horas pelo LeJeunne Camp, uma área de treinamento militar da US Navy. Ouvimos muitos tiros de canhão, helicópteros, veículos militares por trás da vegetação que esconde da IntraCoastal. Em algumas ocasiões, dependendo das operações a ICW pode ser fechada por algum período. Ancoramos às 18:40h após percorrermos 48 mn na Mile Hammock Bay, uma pequena baía com ótima ancoragem  que fica dentro do LeJeunne.

 Dia lindo sem vento

O campo de treinamento de LeJeunne fica dos dois lados da ICW

Sunset na ancoragem em Mile Hammock Bay

Zarpamos as 07:10h. Mais um dia lindíssimo mas com pouco vento de Oeste. Tivemos 3 pontes para abrir neste trecho, sendo que a primeira e a terceira abriam somente na hora cheia e a do meio de meia em meia hora. Foi um verdadeiro rallye náutico com diversos outros veleiros para chegar na hora certa em cada ponte, sem perder a hora e nem perder muito tempo de espera. Chegou a reunir 8 veleiros. Sempre com muita influência da corrente. Como tem muitas pequenas barras para o mar de tempos em tempos ela invertia. Para nós sempre pareceu que era muito mais tempo contra do que a favor. Passamos 2 mn de Soutport, a cidade que fica na frente do famoso Cape Fear,  e entramos cerca de 1 mn no Dutchman Creek onde ancoramos com 2,2 m às 17:20h em águas tranquilas.

Uma swing bridge no caminho 

Fila de veleiros 

A ancoragem no Dutchman Creek

Aqui o plano era fazer uma perna pelo mar. Saindo pelo Cape Fear indo até Charleston, na Carolina do Sul, numa travessia de 138 mn. Como a previsão era de vento favorável mas fraco, variando de 9 a 4 nós, e ondas de 1 m pela bochecha e alguma corrente contra, optamos por seguir pela ICW. Motorar por motorar é bem melhor por dentro, conhecendo os lugares e são só 4 mn a mais.

domingo, 25 de outubro de 2015

Travessia Annapolis-Florida - Etapa 2 (Porthsmouth (VA) - Beaufort (NC))

As 07:15 do sábado (17/10) deixamos a Hospital Point Ancoragem no centro de Portsmouth, marco zero da IntraCoastal Waterway (ICW), rumo a Beaufort na Carolina do Norte, abaixo do Cabo Hatteras, no total de 175 mn a serem percorridas em 3 dias. Dia bonito, frio e sem vento. Neste trecho passamos por 2 pontes de abrir e passei pela primeira vez numa eclusa, o Great Bridge Lock, minuscula é verdade mas já serve de treinamento para uma possível futura travessia do Canal do Panamá.

Great Bridge Lock 

Ponte basculante

No primeiro dia conseguimos velejar de genoa por umas 4 horas no North River. O vento variou de 5 a 15 nós entre 60 e 90 graus. Este é um trecho com uso comercial. Cruzamos e ultrapassamos várias chatas empurradas por rebocadores. Ancoramos as 17:15 h com 2,4 m na Buck Island, protegidos do N, pois tinha uma frente fria prevista. Pelas pontes e a eclusa o rendimento foi de 49 mn.

Cruzando com chata de transporte comercial

Por do Sol na ancoragem em Buck Island

A frente chegou já a noite com ventos contínuos N e NNW acima dos 20 nós. Zarpamos as 07:15h e logo entramos no Albermarle Sound, uma enorme lagoa com 4 - 5 m de profundidade. Foram 15 mn com vento NNW de 20-25 nós e as famosas ondas do Albermarle, baixas mas fortes e curtas, numa navegação desconfortável ainda mais com muito frio (amanheceu 8 graus). Para quem conhece é semelhante a Lagoa dos Patos com o Minuano. Menos mal que velejamos o que equilibrava o barco. Em seguida entramos no largo Alligator River com o mesmo vento e ondas mais calmas. A tarde o vento baixou dos 20 nós com pequenos repiques. Entramos no pequeno Scranton Creek para ancorar protegidos do vento, que continuaria até a tarde seguinte, com 2,3 m às 17:40h, onde tivemos uma noite muito tranquila.

Navegando no Albermarle Sound 

Swing bridge no Alligator River

No terceiro dia (19/10) saímos as 07:09h com vento NNW de 15 nós. Neste dia velejamos cerca de 85% do tempo. A ICW passa por várias lagoas (sounds) e rios largos com profundidades tranquilas. Finalizamos esta etapa pelo Adams Creek com mais de 1 nó de corrente contra, chegando na Town Creek Marina (uma excelente marina) em Beaufort às 17:25h. Até aqui 313 mn percorridas.

Nascer de um dia frio na ancoragem no Scranton Creek 

Pesqueiro no Adams Creek 

Town Creek Marina em Beaufort


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Travessia Annapolis-Florida - Etapa 1 (Chesapeake Bay)

No último dia 15 de Outubro, na companhia do Cmdte. Jorge Luiz Silveira, iniciei a Travessia de Annapolis até a Florida com o Lagoon380S2 TinguaCat. Serão de 850 a 1.000 milhas náuticas (mn), dependendo da cidade em que aportarmos e de quantas pernas fizermos pela IntraCoastal Waterway (ICW) ou pelo Oceano Atlântico. Planejamos uma média 60 mn diárias quando navegarmos só de dia, caso da ICW e de 120 mn por 24 h quando navegarmos pelo oceano. Deveremos ainda de tempos em tempos pararmos por um dia, de preferência em local interessante, para conhecer e abastecer o barco.

A primeira perna foi na Chesapeake Bay numa distância de 136 mn, da Liberty Marina situada no South River nas proximidades de Annapolis até Portsmouth, já no estado da Virginia, onde inicia a ICW.

Saímos com o clarear do dia às 07:25 da manhã.  Logo na saída o motor de bombordo disparou o alarme de temperatura, mesmo saindo água normalmente pelo escape. Continuamos com um motor só. Aliás, normalmente utilizamos um motor, só usamos os dois quando temos manobras ou precisamos de um desempenho maior. Consultei o manual para saber das possíveis causas e constatei que era nível baixo do liquido de refrigeração. Completei o nível e o motor voltou a funcionar normalmente.


Iniciando a jornada

Foram 6 mn pelo South River até entrarmos na baía.  Dia frio (iniciou em 13 C) e ensolarado com vento SW de até 10 nós. Lá pelas 12h mudou para SSE fraco, na cara pois nosso rumo é Sul. Pelas 15h rondou para SW e cesceu para 11 nós e depois para 15 a 17. Depois das 16:30 h acabou.


Trafego comercial e de lazer

Entramos no Little Wicomico River  para pernoite, um desvio de 3-4 mn. Entra-se por um canal estreito e lá dentro num pequeno lagoon ancoramos com 2 m de profundidade. Valeu a pena pois o lugar é calmo, protegido e bonito. Percorremos 69 mn neste dia.

Entrando no Little Wicomico River, para pernoitar

Dia seguinte (16/10) levantamos ancora no que deu para ver alguma coisa, às 06:50, e saindo para a Chesapeake Bay fomos surpreendidos por ventos de Oeste de 15 a 18 nós e a baía muito mexida. Uma navegada desagradável, pois o dia nublou, se manteve frio e ainda tínhamos de tempo em tempo uma chuva fraca. À tarde o vento foi baixando gradativamente e o mar melhorando. De sorte que entramos no canal dos portos de Norfolk e Portsmouth, com vento de 6-7 nós e mar liso. São dois grandes portos, sendo que em Norfolk tem uma enorme base da marinha americana. Ancoramos às 18:10 h no local conhecido por Hospital Point Anchorage, justamente o marco zero da IntraCoastal, com 1,9 m.

Fort Norfolk 

Base da US Navy em Norfolk 

 Porto de Portsmouth

A Hospital Point Anchorage

Ancorados de frente para o downtown de Portsmouth



quinta-feira, 15 de outubro de 2015

US Sailboat Show em Annapolis

O United States Sailboat Show acontece todo ano nos dias próximos ao feriado de Columbus Day (12/10), neste ano de 8 a 12 de Outubro, na cidade de Annapolis, estado de Maryland (31 milhas a leste de Whashington). Annapolis é a Capital da Vela nos Estados Unidos e o salão acontece bem no centro na City Dock, praticamente na água. Além de aproveitar as vagas e piers da City Dock é montado um pier flutuante sobre o canal que leva até o marco zero da cidade. Não há um grande pavilhão fixo. São montadas tendas de vários tamanhos. Se as instalações são deficientes, principalmente se chover, o charme de andar pelos piers e passarelas sob a água e o conteúdo são de primeira.

 Visão panorâmica

Vista com os veleiros no pier flutuante no meio do canal

Movimento dentro de uma das tendas dos pequenos expositores

O salão é dividido por setores: veleiros monocascos, multicascos, monotipos, empresas de charters (com grandes catamarans ou só stand), velerias, escolas de vela, tendas de fornecedores maiores, quatro tendas grandes com centenas de pequenos expositores, etc.

Fornecedor de rigging

A maioria dos grandes fabricantes e fornecedores do mundo da vela se fazem presentes, além de centenas de pequenas empresas oferecendo de tudo em matéria de iatismo a vela, até o que você não imaginava existir. Lá estavam estaleiros como Beneteau, Jeanneau, Bavária e Dufour com suas linhas completas e lançamentos, do menor ao maior veleiro. Os estaleiros americanos Catalina, Hunter, Hylas, Island Packard, Seaward, J Boats, etc. E muitos outros do mundo todo como Amel, X-Yachts, Grand Soleil, Allure, Salonas, Dreher, Halberg-Rassy, Hanse. Além de projetos especiais. Todos disponiveis para visitação.

Lançamento Jeanneau 64


Posto de comando do Amel 55

Salão do Beneteau Sense 50

Dufour Grand Large 382

Projeto especial

Na área dos multicascos Fontaine Pajot, Lagoon, GunBoat, Outremer, Leopard, pequenos como Dragonfly, Maverick, St. Francis, Antares. Novos como Bali, Balance, Reed, HH. Uma das novidades era o primeiro catamaran da Bavária, o Open 40 (fabricado pela francesa Nautitech que foi adquirida pelos alemães) que segue a tendência atual de cockpits maiores e integrados com o salão, os dois no mesmo nível.

Bavária Open 40 com integração total salão cockpit 

Os trimarans da Dragonfly que recolhem as laterais para docagem

Catamaran de alta performance GunBoat 55

Muitas opções de veleiros pequenos, day sailer e monotipos, caiaques, stand-up boarders. Outra novidade interessante o veleiro J88 com motor elétrico alimentado por placas solares de alto rendimento e hidro regeneração.

O J88

O Whisper um pequeno catamaran com foils

Ali em me senti no nosso mundo de velejadores e senti que valeu a pena vir até aqui a latitude 38 N.