quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Florida Keys

As Florida Keys são um arquipélago composto por cerca de 1700 ilhas com início a cerca de 25 km a sudeste de Miami, estendendo-se ao longo de um suave arco, primeiro em direção sul-sudoeste, e depois em direção oeste, até Key West, a mais ocidental das ilhas habitadas, e as desabitadas Dry Tortugas. As ilhas perfilam-se ao longo do Estreito da Flórida, dividindo o Oceano Atlântico do Golfo do México, definindo desta forma uma das margens da Baía da Flórida. A ponta sul de Key West situa-se a apenas 157 km de Cuba. As Florida Keys são uma das áreas mais atingidas por furacões em todo o mundo, já que o arquipélago está localizado no centro da rota dos furacões que atingem  o sul dos Estados Unidos e o Caribe.



O recente furacão Irma, em setembro de 2017, atingiu fortemente a região, principalmente nas áreas de Marathon e Pine Key. Esta era uma preocupação nossa. Tínhamos planejado velejar na região nesta temporada antes do furacão e ficamos preocupados de como estaria a estrutura na região. Pelas informações que obtivemos a situação estaria praticamente normalizada. Verdade, nos surpreendemos com a recuperação. Vimos muitas marcas deixadas pelo Irma, como avarias em edificações, barcos e trailers destruídos, alguns comércios que não reabriram, entulhos amontoados em alguns lugares e muitos telhados em reconstrução. Mas, esperávamos por uma destruição muito maior. Key West não foi tão atingida como as noticias na TV nos fizeram crer e hoje tem poucas marcas da passagem do Irma.


Pequena marina destruída na entrada do Boot Key Harbor

Este veleiro que foi parar no pátio da marina, foi retirado na semana em que
lá estávamos 

Entulhos do Irma ainda não retirados

Estabelecemos nossa "base" no Boot Key Harbor, um lagoon protegido na cidade de Marathon, uma das mais conhecidas nas Florida Keys, que por sua vez fica na ilha chamada Vaca Key, a cerca de 50 milhas de Key West. Ali existem várias marinas, abastecimento de combustível e nas cercanias restaurantes, loja náutica,  a cerca de 1,3 km um mercado Publix, drogaria Walgreens e comércio variado. Ali está também a Boot Key Harbor City Marina, marina do município, que administra mais de 250 poitas. Por $22,5/dia ou $115/semana (mais 7,5% de imposto) com direito a bons chuveiros, lavanderia (coin laudry), dinghy dock, pumpout na poita e internet, mas esta só na sede da marina. Nos barcos nem com nossa antena BadBoy pega. A água como em todas as Keys é paga. Nas duas vezes em que completamos os tanques de combustível nas Keys pagamos $0,15/galão no Boot Key Harbor e depois em Key Largo um valor fixo de $10. 


TinguaCat na poita R9 no Boot Key Harbor 

Vista da ancoragem no Boot Key Harbor


A sede da marina com o imenso dinghy dock

Fomos a Key West, que já conhecíamos de alguns anos atrás, de onibus ($8 ida e volta, idoso paga $2) e fizemos alguns outros poucos passeios. Pegamos alguns dias mais frios com fortes ventos de Norte de modo que a badalada Sombrero Beach ali perto só conhecemos de dinghy atravessando do lagoon para o mar pelo Sister Creek, que aliás é perfeitamente navegável por até 1,80 m de calado, encurtando o caminho de entrada para quem vem do Norte. Recomendamos comer o Reuben Lobster um sandwich delicioso com muita lagosta no restaurante da Keys Fisheries (uma espécie de cooperativa de pescadores), bem perto da marina.


Museu de Arte e História, em Key West 

Bares e restaurantes na Duval Street, uma das principais atrações de Key West 

A Sombrero Beach, em Marathon


O sandwich de lagosta

Milhares de armadilhas de apanhar lobsters e crabs nas
proximidades da cooperativa de pescadores 

Uma armadilha

Talvez pelo clima que este ano está com seguidas e fortes frentes frias, mas esperávamos mais das Florida Keys para um cruzeiro de barco. Até a decantada Baía Honda, ali ao lado de Marathon, não empolgou. O decantado Caribe Americano ficou aquém das nossas espectativas. Mas, de verdade, esperávamos mais praias e pontos de mergulho, semelhante ao Caribe, e eles são poucos. O que predomina são os manguezais (mangrove). Por outro lado, há muita água para se navegar, mesmo que em sua maioria rasas o que limita para barcos a vela. A estrutura náutica, como de resto em todo os Estados Unidos, é boa e variada. Outro fato é que tudo nas Keys é mais caro que o normal, inclusive em Marathon existe uma taxa extra de 2,15% sobre as compras com cartão de crédito.

Em compensação o Por do Sol eram sempre maravilhosos:








sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Rumo as Florida Keys

No dia 21 de Dezembro finalmente o TinguaCat voltou para a água. Neste mesmo dia Fernanda, Marcelo e o neto Pedro também embarcaram. Dia seguinte zarpamos somente às 12:50h pois a geladeira não estava funcionando direito, ora a bomba de refrigeração funcionava ora não, e tentei resolver o problema. Não consegui, então seguimos só com o nosso freezer pequeno funcionando como refrigerador. Pernoitamos na ancoragem conhecida próxima as Twin Bridges em Daytona Beach. Chegamos somente as 18:50 h tendo que fazer o trecho final a noite na Intracoastal Waterway (ICW). Nesta época o Sol se põe aqui antes das 17:30h.

Na ancoragem em Daytona Beach

Já navegando no amanhecer de Daytona

Manhã seguinte (23/12) partimos cedo às 7:00h para um longo trecho de 73 milhas náuticas até a ancoragem conhecida como Dragon Point, em Indian Harbor Beach, uma town na margem oposta a Melbourne, onde chegamos às 17:45h.  Aí desaceleramos para passar o Natal. No dia 25 a filha e família desembarcaram e seguiram por terra para Miami para retornar ao Brasil. Nós seguimos, no dia 26, para Vero Beach. Chegando lá antes de pegar a poita encostamos no píer da marina para completar diesel, água e fazer pumpout. A Vero Beach City Marina tem um extenso campo de poitas que custam $16,25 (mais tax) o pernoite com direito a wifi na poita, água, pumpout, uso dos banheiros, lavanderia e algumas outras facilidades como linha de ônibus grátis na porta da marina, além de ter um charme próprio. Por isto é uma das "queridinhas" dos velejadores nos Estados Unidos e seus slips e moorings estão sempre lotados, em geral cada poita com dois ou três barcos amadrinhados. Desta vez amadrinhamos com o Imagine, um catamaran Manta42. Tentamos resolver o problema do refrigerador mas não conseguimos ninguém neste período de holidays. O jeito foi programar uma parada na Harbortown Marina, em Fort Pierce, que tem uma forte estrutura de serviços náuticos.

Ancoragem no Dragon Point

Numa poita em Vero Beach

Dia 28 (quinta feira) saímos cedo para Fort Pierce a somente 12 mn onde na sexta feira pela manhã conseguimos consertar o refrigerador com a troca do módulo eletrônico de controle. Logo depois do almoço zarpamos rumo a Palm Beach. Tinhamos pressa pois a janela de tempo para chegar a Miami ia só até domingo. Segunda entrava uma forte frente fria. Para chegarmos em Miami somos obrigados a usar o Oceano Atlântico, ao menos entre Fort Lauderdale e Miami pois existe uma ponte fixa, já em Miami, com somente 56 pés de clearance (o TinguaCat precisa de 58), a única fixa com menos de 65 pés em toda waterway. Acontece que entre Palm Beach e a barra em Fort Lauderdale existem 21 pontes de abrir, a maioria com horários fixos, o que torna este trecho muito ruim para navegar. Neste dia fomos até a ancoragem chamada Peck Lake onde pernoitamos. No sábado de manhã completamos as 19 mn restantes até a ancoragem no North Lake Worth, na região de Palm Beach.

Dia 30 amanheceu com nevoeiro

Ancorados no Lake Worth, em Palm Beach

Lua cheia na ancoragem do Lake Worth

Dia seguinte, véspera de ano novo, saímos da ancoragem às 04:00h rumo a Miami. As primeiras cerca de 6 mn pela waterway até a barra de Palm Beach. Seguimos velejando com vento NW favorável de 14-18 nós que duas horas depois baixou para 8-10 nós.  Por volta de 14:45h entramos na barra de Miami e fizemos mais cerca de 7 mn até a ancoragem em frente a Belle Isle no lado de dentro de Miami Beach.  Lá ficamos com alguma proteção dada pelos edifícios da ilha para os  fortes ventos de Norte da frente fria. Esta ancoragem é excelente, nas proximidades do inicio da Lincoln Road, coração de Miami Beach, perto de mercado e todo tipo de comércio, mas por solicitação dos moradores está proibido amarrrar os dinghies na região. Na vez passada em que estivemos ali, em dezembro de 2015, ainda podíamos deixá-lo num pequeno píer próximo ao supermercado Publix, entrando pelo Collins Canal. Desta vez até lá estava proibido. Passamos o Reveillon a bordo com uma visão privilegiada dos vários shows de fogos pela cidade. No dia primeiro, contando com o feriado,  arriscamos deixar o dinghy no pierzinho do Publix e fomos conhecer o Memorial do Holocausto e tomar um café na Lincoln. A frente fria entrou à noite e nos dois dias seguintes tivemos muito vento com rajadas de mais de 30 nós e uma noite e uma manhã de chuva. Deu para completar a nossa água com nosso sistema de captação de água da chuva. Não saímos do barco. Na quinta feira (04/01) com um dia frio (11°C) e maravilhoso zarpamos às 08:28h rumo as esperadas Florida Keys. Fomos pelas baías e sounds internos com ventos NW de 15-18 nós com rajadas de até 23 nós. Profundidades boas de 4,5 a 2,5 m. Fomos dormir 49 mn depois junto a costa de Key Largo no Buttonwood Sound.

Velejando rumo Sul no Atlântico

Ancorados em Miami Beach

Por do Sol maravilhoso no último dia do ano


Show de fogos para todos os lados

Memorial do Holocausto em Miami Beach

Amanhecer calmo

Dia seguinte às 7:30h já estávamos navegando novamente. Daqui para baixo passamos alguns sounds mais rasos com profundidades de chegaram a 1,5 m. As ligações entre estes vários sounds é feita por canais artificiais (os cuts) ou por pequenos rios (os creeks). Depois de 22 mn atravessamos para o lado de fora das Keys, no Hawk Channel como é chamada a por,ão do Atlântico entre os recifes e as ilhas, pela  ponte (com 65 pés) que liga Upper Matacumbe Key a Long Key. Além dos Biscayne Channel e Caesar Creek na Baía de Biscayne próximo a Miami, esta ponte e a Seven Mile Bridge, em Marathon, cerca de 28 mn a frente são as únicas passagens entre o lado interno e o externo.  Desta passagem até pegarmos uma poita no Boot Key Harbor, em Marathon, foram cerca de 30 mn pelo Hawk Channel. Pegamos a poita R9 às 15:45h. Foram 98 mn desde a ancoragem em Miami Beach.

Downtown de Miami

Atravessando do Barnes Sound para o Blackwater Sound pelo Jewfish Creek

A partir do Buttonwood Sound começa um verdadeiro inferno para a navegação. São as boias dos Lobster ou Crab Pots, as armadilhas para pegar lagostas e caranquejos que povoam estas águas tanto do lado interno como do externo e, veríamos depois, pelo Golfo do México até Marco Island. Nem o canal da waterway esta livre delas. É atenção total e dá-lhe desviar pois atropelar alguma pode ser cabo enrolado no hélice. Segundo os locais e guias a temporada da pesca vai de novembro a maio.