A temporada de frio não tem nos animado a velejar, mas o rumo que o nosso Veleiros da Ilha vem tomando tem provocado acalorados debates, mas este é um assunto interno a sociedade e extenso, que talvez aborde em outra ocasião. Quero falar hoje da Oficina de Uso do Mar e Lazer Náutico promovida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, visando subsidiar o Novo Plano Diretor de Florianópolis e o Projeto Orla. Na atual gestão do Prefeito César Souza Jr. o secretário é o Engº. Dalmo Vieira Filho, velejador e sócio do Veleiros da Ilha, mais conhecido por ser um dos "pais" do Museu Nacional do Mar (em São Francisco do Sul) e por vários anos seu diretor.
A Oficina ocorreu durante o dia de ontem nas dependências do Veleiros. Presentes, além do prefeito e do secretário, muitos profissionais atuantes no setor e navegadores. Para trazerem suas experiências e sugestões os velejadores Amyr Klink, Vilfredo Schurmann e o francês Christophe
Vieux, que é o Diretor do Salão Náutico de La Rochelle (o Grand Pavois) foram convidados. Como bem disse Vilfredo, ele mesmo já participou de várias destas reuniões através dos anos e nada de concreto aconteceu. Mas, as esperanças se renovam principalmente pelas declaradas intenções e visão que o prefeito e o secretário Dalmo tem demonstrado.
De maneira geral, os três ilustres convidados discorreram sobre a necessidade de a cidade voltar-se para o mar e para o lazer e turismo náutico, citando vários exemplos de sucesso e também de insucesso pelo mundo, com os quais teríamos muito a aprender. Christophe Vieux foi muito objetivo fazendo um comparativo entre os 80 km de costa da região metropolitana de Florianópolis e 80 km da costa francesa com La Rochelle no centro. Lá são mais de 12.000 vagas molhadas para embarcações de lazer e turismo para uma população de 350.000 habitantes. Aqui são menos de 300 vagas para 800.000 habitantes. Todos eles falaram da necessidade das marinas, principalmente pelos seus aspectos econômicos, sociais e ambientais, mas não só delas. É preciso criar uma cultura marítima, que perdemos ao longo do tempo, com escolas de profissões náuticas e de vela, eventos esportivos e sociais que atraiam a população e turistas, instalações junto ao mar que propiciem o contato das pessoas com o mesmo, etc.
Christophe Vieux durante a sua explanação
Será que desta vez Florianópolis vai ter (fala-se em várias) uma verdadeira marina? Acredito que sim. Por outro lado, tenho alguns temores. Um deles é o de que se façam marinas como a Marina Tedesco, em Balneário Camboriú, elitizada, para grandes embarcações à motor, que não faz nem questão de receber embarcações à vela. Aí o resultado vai ser pífio. Este é o caso do pretendido empreendimento, da iniciativa privada, com hotel e marina na Ponta do Coral. O calado para acessar a marina é de 1,90m na maré baixa que eles dizem ser suficiente para as lanchas...
Outro dos meus temores é o "olho grande" para cima do nosso Veleiros da Ilha. Tenho ouvido e lido bastante referências de autoridades e da imprensa a "única marina da cidade o Veleiros da Ilha". Inclusive, ainda contidas, sugestões de se ampliar a marina do Iate Clube, como forma de atender a demanda de Florianópolis e o terminal para o transporte marítimo. Somos um prato feito para autoridades e empresários gananciosos, afinal estamos prontos, bem localizados, com as licenças ambientais...e só se livrar de alguns velejadores...
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