domingo, 28 de junho de 2015

St. Augustine (FL) to Annapolis (MD)

Como dito no post anterior partimos no catamaran TinguaCat (Lagoon 380S2 2007) da Bridge of Lions, bem no downtown de St. Augustine, no dia 09/06 às 13:35h. Na tripulação além de mim, os amigos Carlos Augusto Kidlein (Guto), Luiz Carlos Poyer (Polaco) e seu filho Gustavo Husadel Poyer. Saímos no estofo da maré alta pela barra do  Rio Matanzas. A barra que não é comercial estava bem tranquila com mar flat e vento SE de 15-17 nós, num rumo 65° para nos afastarmos da costa e pegarmos a Corrente do Golfo.

A barra não é comercial, mas é tranquila e sinalizada

No inicio da noite enquanto víamos relâmpagos no horizonte, tanto na proa como na popa, com muita chuva (nós tivemos só uma rápida "pancada") o vento cresceu para 19-23 nós e o mar ficou  muito mexido. A tripulação mareou e, como confessaram depois, veio a mente a pergunta: "O que que eu estou fazendo aqui?".  O vento acalmou por volta das 4h da manhã, tornando-se um SW fraco e logo o mar voltou a ficar tranquilo.

Navio cruzando a proa

Mais ou menos por essa hora chegamos na famosa Gulf Stream. Eram 4.1 nós de corrente a favor. Mesmo utilizando um motor a 2000 rpm andávamos a 7-8 nós. Quando amanheceu pudemos ver a cor da água. Na Gulf Stream ela é de um azul violeta muito lindo. A temperatura da água também passou de 23.8° para 28.5° C.

A foto não consegue retratar com perfeição a cor da água

No inicio da tarde (10/06) cruzamos com um cargueiro bem na proa e passamos a rumar NE. Acabamos por perder a corrente por volta das 18h. Voltamos ao rumo 65° e fomos lentamente recuperando-a. A noite foi de vento SSE entre 6-9 nós. Até que por volta das 6h da manhã da quinta feira (11/06), rumando 67°, chegamos a 4.7 nós de corrente. Uhauu!

4.7 nós de corrente

Como no dia anterior de manhã o vento era SW de 3-6 nós e lá pelas 11-12 horas rodava para SSE e aumentava para 14-17 nós. Nesta tarde (11/06) "voamos baixo" chegando a 10.9 nós. Com mar baixo, tripulação já acostumada, estava bom demais. Os dois primeiros almoços eu fiz, nos outros o Polaco já desempenhou. Almoço com mesa posta na sala ou no cockpit. Aliás, teve até banho de chuveiro no box da cabine do comandante. 

"Voando baixo"

Pelas 17h do dia 11/06 estávamos a mais de 100 milhas náuticas da costa das Carolinas e começaram a cruzar lanchas de pesca em direção a terra.  No dia seguinte cedo elas cruzaram-nos na direção do mar aberto. Este pessoal vai longe para pescar.

Lancha de pesca cruzando pela popa

A 01h da sexta feira (12/06) cruzamos o Cabo Hatteras, na costa da Carolina do Norte, e precisamos mudar radicalmente o rumo para 345° e lá se foi a Gulf Stream rumo leste, o "rio no mar" como a chamavam os espanhóis que descobriram a Florida. Nesta sexta, quando completamos três dias inteiros de travessia o vento continuou num padrão bem parecido, tivemos feijão vermelho com arroz e folhas verdes de almoço e até chá da tarde, preparado pelo Guto.

Cruzando com um veleiro 

Não faltaram os golfinhos

Vento, mar, corrente, tudo a favor e um por do Sol estes não tem preço

Ao nos aproximarmos da entrada da Chesapeake Bay a corrente passou a ter influência da maré. Chegamos na sua boca por volta das 18h, 600 mn e 76,5 horas depois da partida (média de 7,84 nós), e foi um "sufoco" com a quantidade de navios entrando e saindo. São dois canais de duas mãos entrando (Sul e Norte), uma área de "cruzamento" e dois canais que seguem baía adentro, um para o Sul para os portos de Norfolk, Portsmouth, etc. e o outro para o Norte para Annapolis e o movimentado porto de Baltimore. Logo que se adentra a baia tem a Chasepeake Bay Bridge Tunnel, uma enorme ponte que cruza a baia e tem dois trechos em tuneis para a passagem dos dois canais.

Navios "plotados" na carta pelo AIS

Cruzando com navio na entrada da Chasepeake Bay

Bendito AIS. Foi fundamental na entrada da baia e na "negociação" para podermos cruzar o canal Sul, o mais movimentado, Parece que todo mundo combinou de entrar e sair na mesma hora, tinha até submarino. Recomendo chegar a entrada da baia mais distante da costa e pegar o canal Sul com maior tranquilidade.


AIS mostrando navio em rota de colisão

Tínhamos planejado parar numa marina em Little Creek logo após a entrada da baia, mas pelo horário não ia ter ninguém na marina, então, como estava tudo bem e estávamos adiantados na nossa previsão, decidimos continuar no rumo de Annapolis e fazer uma parada em Solomons Island, um dos lugares mais falados da Chesapeake. As 10 da noite navegávamos pelo York Spit Channel (o canal para o Norte) de exatos 182 m de largura, Gustavo e Eu no turno, quando o AIS sinalizou um navio em rota de colisão. Era nada mais nada menos que um enorme transatlântico, todo iluminado com os passageiros nos convés.

Cruzando com o Grandeur of The Sea

Chegamos na Island Harbor Marina pelo meio dia. Banho, almoço caprichado do chef Polaco no cockpit, sesta, caiaque na água, uma noite inteira de sono num lugar muito agradável... Zarpamos no domingo cedo para as últimas 48 mn até Annapolis. O vento pouco ajudou, a corrente era sempre contra então fizemos 5 nós de média com um motor a 2400-2600 rpm.

Almoço em Solomons Island

Chegamos em Annapolis às 16h com muitos veleiros na água, na Horn Point Harbor Marina, na península de Eastport bem na entrada do Back Creek. Foi a melhor travessia que já fiz, pelas condições favoráveis que tivemos. A época escolhida ajudou bastante. No próximo post falarei de Annapolis.

Farol na Chasepeake Bay 

Chegando em Annapolis com muitos barcos na água

TinguaCat na marina em Solomons Island





segunda-feira, 15 de junho de 2015

Chegamos em Annapolis

A tripulação chegou no domingo (07/06): Carlos Augusto Kindlein, o Guto, e Luiz Carlos Poyer, o Polaco, já participaram de várias regatas no Tinguá e de uma Semana de Vela de Ilhabela, mais o Gustavo Poyer, jovem engenheiro, filho do Polaco, marinheiro de primeira viagem.

A tripulação: Guto, Polaco e Gustavo

A volta do TinguaCat para a água estava agendada para a primeira hora de segunda feira, que na St. Augustine Marine é 7 am. Mas eles foram enrolando e só as 11:15h estávamos com ele amarrado a um pier flutuante. Fomos então para o Walmart fazer o mercado para a travessia e próximos dias. Depois eles me ajudaram nos últimos preparativos.

Na água novamente

Saímos da marina por volta das 11 horas de terça feira (09/06) para abastecermos de diesel na St. Augustine Municipal Marina, passarmos a Bridge of Lions, bem no downtown de St. Augustine, que é basculante e abre a cada 30 minutos e, então sair na barra do Rio Matanzas para o Oceano Atlântico no estofo da maré enchente.

Partiu...

Vou fazer um post relatando a travessia em detalhes, mas fizemos uma ótima travessia levando 76.5h para fazermos as 600 mn de mar aberto até a entrada da Chesapeake Bay. Como chegamos no início da noite resolvemos continuar até o amanhecer, pois dali ainda tinhamos mais 130 mn até Annapolis. Optamos por fazer uma escala na Harbor Island Marina em Solomons Island, uma agradável cidade náutica num creek logo no começo do Patuxent River, para descansar e ter uma noite inteira de sono. Chegamos lá por volta do meio dia.

Solomons Island

Saímos no domingo (14/06) cedo para cumprir as últimas 48 mn até Annapolis. Chegamos em Annapolis com muitos veleiros na água. As 16 h estávamos atracados na Horn Point Harbor Marina, na Eastport peninsula, inicio do Back Creek.


Back Creek, Annapolis

sexta-feira, 5 de junho de 2015

TinguaCat Ficando Pronto

Estou há 10 dias a bordo do TinguaCat no seco, aqui na St. Augustine Marine Center e finalmente a lista de tarefas ficou pequena. Viver a bordo no seco traz algumas limitações, mas tem vantagens como facilitar a execução das tarefas de manutenção necessárias. E como estou sozinho fica tranquilo. Até cozinhar a bordo estou. Só uso as instalações da marina para tomar banho e fazer o numero 2. O numero 1 vou depositando nos holding tanks. Esta é uma marina de serviços (boatyard) mais "rústica", mas tem banheiros, lavanderia com máquinas a moedas e sala de estar para os clientes.

A intenção era ir para a água no inicio desta semana, mas eles foram me enrolando com a pintura da tinta antifouling no fundo. Segunda fizeram a demarcação com fita adesiva, na quarta lixaram e só hoje é que estão pintando. Nesta marina a pintura de fundo é exclusividade deles, você não pode fazer. Mas me mantive bem ocupado todos estes dias lavando e encerando, mantendo bote e motor de popa, trocando óleo e anodos das rabetas, etc., etc. Tudo aquilo que só quem tem barco sabe...

Finalmente a pintura de fundo

No domingo (07/06) chegam os tripulantes no Aeroporto de Jacksonville, distante cerca de 30 milhas. Enquanto isto vou observando idéias diferentes que eles usam aqui. Por exemplo, os barcos não usam carretas, são retirados da água com TravelLift e suportados pela quilha e estacas reguláveis. Carretas (trailers) só para barcos pequenos que o próprio dono reboca com seu carro.

O TravelLift é poderoso

Este é específico para movimentar catamarans

As carretas de transporte de barcos possuem berços ajustáveis

Alguns barcos são "estaqueados" para longos armazenamentos

E essa ideia?