sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Navegando na Intracoastal Waterway

Depois de navegar mais de 400 milhas náuticas (mn) por 9 semanas na ICW - Intracoastal Waterway, na Costa Leste (Atlântica) da Florida, vou analisar alguns tópicos que podem interessar aos leitores. Nossa navegação foi realizada no catamaran TinguaCat, um Lagoon380S2 2007 com calado de 1,15 m (3' 9") e clearance - altura livre da linha d' água até o tope do mastro - de 17,32 m (56' 10"). 

Navegação

A ICW é uma via navegável interna ao longo da costa Atlântica e do Golfo do México nos Estados Unidos, composta por rios internos de água salgada, lagoons e sounds, canais artificiais, inlets (barras) e até eclusas. Oficialmente ela abrange cerca de 4.000 statute miles (stm) entre Cape Ann, ao Norte de Boston, em Massachusetts, e Brownsville, no Texas, junto a fronteira do México. O segmento mais usado é o de 1098 stm entre a Hospital Point, em Norfolk no estado de Virginia, e a Biscayne Bay, em Miami. Na Florida não encontrei tráfico de mercadorias, que já foi significativo nos primórdios desta via.


O segmento Norfolk-Miami

Aqui uma primeira dica. Na ICW no lugar da milha náutica (mn) usa-se a statute mile (stm), que é a mesma rodoviária e vale 1609,344 m (ou 5280 pés ou 1760 jardas). Não sendo totalmente preciso, podemos dizer que 1 stm x 0.87 é igual a 1 mn e 1 mn é igual a 1 stm x 1,15. Portanto, a cada 7 mn temos 8 stm.

Há duas restrições ao se navegar na ICW: o calado e o clearance. O canal navegável é para ter no mínimo 12' (pés ou 3,66 m) de profundidade no seu centro, mas há cerca de 18 pontos difíceis de manter, notadamente próximo a barras. Eu encontrei em várias ocasiões profundidades menores, sempre com 8' (2,44 m) ou mais. O problema da altura é com relação as pontes. A altura mínima das pontes fixas é 65' (19,81 m), mas há duas exceções. Uma com 64' na Carolina do Norte e a Turtle Bridge, na altura da stm 1087,1, próxima a Miami com 56'. Todas as demais pontes são de abrir (drawbridge). Abrem solicitando ao operador pelo canal 9 do VHF, mas algumas só abrem em horários determinados, em geral de meia em meia hora. Há algumas ainda que não abrem nos períodos de pico do transito na manhã e no final da tarde. 


Todas as pontes fixas tem a marcação do clearence


Ponte basculante em Júpiter

Então a ICW permite a navegação de qualquer tipo de embarcação que atenda aquelas restrições. Há relatos de iates com mais de 200' navegando nela. No entanto, veleiros (28 a 45') e trawlers (32 a 50') médios, com calado até 8' não terão nenhum problema. Ela também é muito bem sinalizada e constantemente mantida, mesmo que nos últimos anos a entidade responsável não tenha tido toda a verba necessária. Outra dica, quando se ruma ao Sul é como entrar no porto (verde-vermelho) e no rumo Norte é como sair do porto (verde-verde).


Um iate na ICW



A sinalização dos limites do canal sempre presentes


É uma navegação que exige muita atenção. Há trechos onde se sair do canal é encalhe na certa, bem como trechos estreitos e sinuosos. Isto dificulta velejar e utilizar piloto automático. Mas, na maioria do segmento da Florida as águas são mais amplas, e com profundidades melhores.

Cartas Náuticas e Guias

Tinha as cartas físicas da parte da Florida mas efetivamente não usei. Utilizei cartas digitais Navionics no chartplotter Raymarine E80 e no iPad, estas com a última atualização e opção de utilizar as cartas originais NOAA. Como backup tinha um GPSmap Garmin 78sc com cartas BlueChart. Recomendo usar um guia que te dê todas as dicas de navegação, ancoragens, marinas, pontos de interesse, etc. Eu utilizei o CruiseGuide for Intracoastal Waterway, de Mark e Diana Doyle. Muito completo e com 99% de acerto. Gosto muito neste guia da seção mile-by-mile, excelente durante a navegação.


Detalhe da seção mile-by-mile do guia


Clima

Os ventos predominantes são de Sul a Leste com um pouco de Nordeste, mas no inverno tem seguidas frentes frias com ventos gelados de Norte e Noroeste. Não é raro ventos de força 5 e 6 (17 a 27 nós), que as vezes "roncam"  a noite toda. No inverno chove pouco e pode-se pegar temperaturas abaixo de 10º C. Não tem mar, apenas marolas, e marés e correntes, principalmente próximo aos inlets com o Oceano Atlântico. Por falar em marolas, as lanchas e iates em sua maioria diminuem a velocidade ao cruzarem com os veleiros ou barcos menores.

Ancoragens

É bom programar a singradura a ser feita pois em alguns trechos há poucas opções de ancoragens, fora as marinas. Outra consideração são as correntes de maré que, dependendo do local, podem exigir o uso de ancoras na proa e popa. O guia lista todos os locais possíveis de uma boa ancoragem com todas as informações (corrente, profundidade, marés, proximidades, proteção). O fundo em geral é de boa tensa.

Marinas e Estaleiros

Falando em ancoragens, há muitas opções de marinas. No entanto, as mais interessantes são as marinas municipais que quase todas as cidades a margem da ICW possuem. São marinas simples, protegidas, com a infra-estrutura necessária: combustivel, água e pump-out sem taxa extra, energia elétrica no cais, banheiros, coin laundry, pier para dingues, sala de conveniência com bibliotecas tipo take one leave one, wifi, quiosques com churrasqueiras, coleta de lixo, algumas com poitas e loja de conveniência. Umas menores outras com mais de 300 vagas. Sempre eficientes, limpas e bem administradas. Além de serem as de melhor preço elas reunem a tribo dos cruzeiristas. Uma parada especial é a Vero Beach City Marina. Um dos principais points dos cruzeiristas é simples mas charmosa, numa localização especial, pequena no numero de slips, mas com um extenso mooring field onde na alta temporada os barcos amadrinham nas poitas pela falta de vaga.


O extenso mooring field da Vero Beach City Marina lotado

Falando em cruzeiristas, a maioria são casais de idosos americanos ou canadenses. Mas há casais jovens, com filhos e, como não poderia deixar de ser, franceses. Os barcos costumam ser bem cuidados e equipados, mesmo os  de muita idade. Os catamarans (na faixa de 32 a 40´) e trawlers são bem numerosos.


Um proa dupla

O custo das marinas fora da região Miami-Fort Lauderdale-Palm Beach é bem razoável para docagens mais longas, com preços entre 10 e 16 dolares por pé. Caro é a diária (transiente dockage) na faixa de 1,50 a 2 dolares por pé. Caro também é a eletricidade, que em geral não é medida e sim cobrada por taxa, provavelmente baseada no consumo das lanchas. Outro fato interessante é que, em geral, catamarans pagam por pé como qualquer monocasco.

Existem também vários boatyards que são estaleiros para todo tipo de serviço e não marinas, mesmo que em geral possuam algumas vagas molhadas e docagem no seco.

Pump-out

É o serviço de esvaziamento dos tanques de águas negras (ou holding tanks), obrigatórios. As leis ambientais americanas punem severamente o esgotamento nas águas internas ou próximas a costa dos vasos sanitários ou qualquer outro tipo de lixo, óleos, etc.. Em compensação, existe muita facilidade para se esgotar os tanques (o pump-out). Todas marinas tem, grátis para quem esta na marina e por taxas de menos de $10 dolares para não inquilinos. Algumas cidades possuem um serviço público que vem até seu barco por solicitação, também por uma pequena taxa.

Abastecimento

É bastante fácil ao longo da waterway. Muitas das ancoragens ficam próximas a parques na beira da via com pier para dingues e alguns até com pier municipal onde se pode atracar gratuitamente no período diurno. 

Pela nossa experiência os melhores preços são nas redes BJ´s e Walmart. O BJ´s vende em quantidades maiores (estilo Makro) e é preciso ser associado ao custo de $40 anuais. Se for fazer uma compra grande vale a pena. Conhecemos também uma rede de mercados menores, que eles chamam de disccount grocery,  com preços bem interessantes chamada Save a Lot. O melhor mercado é a rede Publix, que tem preços sempre alguns centavos mais caros que o Walmart. Mas para alimentos frescos e perecíveis vale a pena pagar. Como pão, por exemplo. O Publix tem baguettes razoáveis. Boas mesmo encontramos em dois cafés franceses, próximos a ancoragem, um no Lake Worth e outro em St. Augustine.

Transporte Público

Por falar em abastecimento, os lugares nem sempre são próximos e carro é fundamental nos EUA. No entanto, todas estas cidades tem algum tipo de transporte público que mesmo não tendo tantas frequências são eficientes e até de graça, como em Vero Beach, e não tem superlotação. Nos pagos tenha sempre o valor certo da tarifa pois eles não dão troco. Usamos em Vero Beach, Cocoa, Daytona Beach e St. Augustine. Uma bicicleta a bordo também é bem útil.


Carro da GoLine o transporte público gratuito de Vero Beach

Internet

Assim como o GPS nos dias atuais cruzeiristas não vivem sem internet. E este é um problema para o qual não consegui uma boa solução. Fora das marinas só mesmo pelo celular, mas fica muito caro ainda mais se você tiver dois adolescentes a bordo. Em Port Salerno, existe um provedor com planos semanais e mensais a um bom custo que se propôs a atender toda a waterway, mas até agora só conseguiu nesta região e na de Key West.

Tínhamos instalado uma antena BadBoy (veja aqui), da canadense Bitstorm, que tem um longo alcance e cria uma rede interna. Ajuda muito a melhorar o sinal na poita e por duas ou três ocasiões conseguimos pegar redes abertas na ancoragem.

Turismo

Há muitas opções de turismo ao longo da ICW. São centros históricos, museus, parques diversos, centro espacial, praias, fortes, faróis, o Daytona Speedway, além de que a própria waterway tem paisagens maravilhosas. Para quem gosta, tem trechos com as margens cheias de mansões espetaculares, com "brinquedinhos" a altura. A campeã no item turismo é St. Augustine (veja aqui), a cidade mais velha dos EUA, com muitas atrações da época do domínio espanhol e inglês. Além de ser um bom centro náutico com muitas marinas e estaleiros e saída para o Atlântico.


Daytona Internacional Speedway

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Neomarine38 - Primeiro Casco Infundido

Hoje foi realizada a infusão do primeiro casco do Neomarine HS38. Foram apenas 34 minutos e 260 kg de resina. (Veja mais informações nestes posts: Construindo um Monocasco de 38`, Começou a Construção e Forma em Construção).

Infusão  acontecendo



Concluido



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

St. Augustine, A Cidade Mais Antiga

St. Augustine no norte da costa leste da Flórida é a "nation's oldest city". Fundada pelo navegador espanhol Pedro Menendez Avilés em 1565 foi de importância crucial, nos Estados Unidos, para o então Império Espanhol. Passou por várias tentativas de conquista por franceses e britânicos e mais tarde pelos americanos, esteve um tempo sob domínio inglês, foi reconquistada e posteriormente, já no século XVIII, por força de um acordo, foi vendida com toda a Florida para os Estados Unidos.








São inúmeras atrações, como o Castillo de San Marcos, baluarte da defesa da cidade, muitas construções antigas, igrejas, museus, o farol. A cidade é muito visitada pelos americanos com toda estrutura turística, desde trenzinhos no estilo  sightseeing até uma imponente réplica de um galeão espanhol do século XVI. Na segunda 16 de fevereiro era feriado nacional, o President's Day, então no final de semana o movimento foi intenso.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

St. Augustine, Fl

Saímos  da ancoragem no Halifax River, em Daytona Beach, às 7:45h pois queríamos fazer uma parada em Matanzas Inlet para conhecer o Fort Matanzas e eram 43 mn até St. Augustine, nosso destino final. Amanhecer lindo, céu limpo, sem vento nenhum com as imagens sendo refletidas na água, rendendo belas fotos.

Reflexo perfeito, captado pela esposa 

 Esta também, já no Halifax Creek

Quando estávamos na altura de Smith Creek bem no início do Fox Cut, um pequeno trecho artificial para cortar algumas curvas do rio, batemos de repente em pedras no fundo e ficamos com o casco de boreste encalhado. Vinhamos dentro dos limites do canal a mais de 7 nós, num trecho com profundidades de 3,5 a 4 m. A ICW  é super bem sminalizada mas não tinha nenhuma sinalização neste local. Na foto abaixo nossa posição (29º 31.920' N, 081º 9.386' W) na carta náutica Navionics do iPad, atualizada há poucos dias. A maré estava quase ao final da vazante, então esperamos umas duas horas  para o barco flutuar inteiro novamente. Nenhum dano constatado, a não ser arranhões na mini-quilha de boreste, como constatamos mais tarde ao retira-lo da água para a storage.



O estrago do encalhe. O barco é forte...

Com este contra tempo desistimos da parada no Fort Matanzas, que pelo que pudemos observar de longe não perdemos muito. Principalmente depois que conhecemos o Castillo de San Marcos, em St. Augustine. Por falar nela, a corrente ajudou e chegamos às 15:15h na St. Augustine Municipal Marina, onde havíamos reservado uma poita. Foi bom, uma vez que a previsão previa chuva para a parte final do dia, o que realmente aconteceu.

O pequeno Fort Matanzas 

A boa marina municipal de St. Augustine esta localizada ao lado da Lions Bridge bem no centro do Historic District. A cidade é a mais velha dos Estados Unidos fundada pelos espanhóis em 1565. É muito turística com uma área histórica grande e muito interessante (vide o próximo post). Também é uma cidade com um número grande de marinas e estaleiros (boatyards), com bastante área navegável e saída para o Oceano Atlântico.


A marina municipal


TinguaCat na poita 3

Amanhecer com o Farol de St. Augustine de um lado...

...entardecer com o Historic District de St. Augustine do outro lado

No domingo (08/02), quando estávamos em Daytona Beach, havia a programação de lan çamento de um foguete pela NASA, em Cape Canaveral. As 6 da tarde, hora programada, ficamos de prontidão mas não vimos nada. Pois na quarta feira (12/02) quando chegávamos na marina de um passeio, sem esperar vi o foguete subindo. Como não tem morro na Florida e o céu estava limpo deu para ver muito bem. Não sabíamos que o lançamento tinha sido reagendado.


Com a surpresa, foi só o que deu para pegar do foguete

O que não foi legal neste período foi o frio. Pegamos uma semana fria, com mínima de 2º C fora e 6º C dentro do barco na sexta feira. Em compensação foram dias muito bonitos.


42º F dentro do TinguaCat

Deixamos o TinguaCat guardado no seco na St. Augustine Marine Center, um dos vários estaleiros (boatyard) da cidade, especializado em catamarans, na terça feira (17/02). Ventava muito de SE desde à noite  e na hora de docar começou a chover. Faz parte. Uma etapa encerrada.


Tingua indo para sua vaga


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Daytona Beach, Fl

Ancoramos numa área ao lado da ICW antes da primeira ponte de Daytona Beach às 17:30h, com profundidade de 2,5 m e bastante espaço entre os barcos ancorados ou em poitas, caso dos barcos de moradores locais.

As pontes de Daytona Beach

No dia seguinte (04/10) era aniversário do Rafael (o meu filho mais novo) e já havíamos reservado 2 dias de marina. A Halifax Harbor Marina é a marina municipal de Daytona (com exploração terceirizada), enorme com umas 500 vagas, em piers flutuantes. Super eficiente e organizada. Para se ter ideia, comunicamos nossa chegada pelo rádio, eles nos informaram nosso local de atracação e um funcionário nos esperava para ajudar a atracar, ligar a energia no cais, preencher o registro e passar todas as instruções (guias, endereços úteis, ônibus), chaves, etc. Por falar em chaves (para acesso ao pier, banheiros e lavanderia), na saída você informa a marina pelo rádio e um empregado coleta as chaves com uma destas redes de limpar piscina no cais de abastecimento. Do nosso pier até o escritório da marina daria pelo menos uns 20 minutos de caminhada.

A Halifax Harbor Marina 

Rafael entregando as chaves na saída da marina

Estes dois dias (4 e 5/10) e mais a sexta feira foram com muito vento frio do Norte (acima dos 20 nós) que acabamos ficando mais um dia na marina, pois não conhecíamos a próxima ancoragem. As marinas aqui são melhores e mais baratas que no Brasil, mas a transiente dockage, como eles chamam, é cara também. Na Halifax pagamos 75 dolares por dia.

A marina fica na região onde Daytona iniciou e ao lado de um parque completo na beira do Halifax River. Em frente a este parque, por umas quatro quadras da Beach Street fica uma interessante área comercial com restaurantes, bares, cafés, galerias, lojas de antiguidades e até uma fábrica de chocolate com visitação. Só falta um mercado próximo.

A Beach Street e sua urbanização caprichada

Eu que gosto de corridas de automóveis não poderia ir a Daytona e deixar de conhecer o Daytona Internacional Speedway, um dos templos mundiais do automobilismo. Daytona é sede da NASCAR a associação que organiza as corridas de stock car, as mais populares dos EUA. Eu gosto é das 24 Horas de Daytona uma corrrida de esporte-protótipos que usa a parte mista do autódromo e que por três vezes já teve brasileiros na equipe vencedora, como em 2014 com Cristian Fittipaldi. O Daytona Speedway também é um templo das duas rodas, com famosas corridas de motovelocidade e motocross.

Ainda peguei o pessoal treinando para a Daytona500, uma
das mais importantes da NASCAR, que será no próximo dia 22 

No sábado (07/10) antes de sairmos da marina nos abastecemos de verduras e frutas na feira (Farmer's Market) no parque ao lado. Fomos para uma ancoragem antes das gêmeas Seabreeze Bridges, não sem antes passar por três outras pontes, sendo duas basculantes. O vento acalmou, os dias continuaram ensolarados e mais quentes, então fomos conhecer a praia.

Detalhe numa das pontes 

A praia (atrás da cerca azul é uma calçada pública)

Uma imagem da segunda ancoragem 

Uma panorâmica de cima da Seabreeze Bridge
(o TinguaCat esta quase no meio da foto)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

New Smyrna Beach, Fl

A próxima parada foi em New Smyrna Beach (22.500 habitantes) outra interessante cidade, 28 milhas náuticas no rumo Norte. Saímos na segunda (02/02) cedo e poucas milhas depois de Tittusville deixamos o Indian River quase no seu final e através de um canal artificial, o Haulover Canal de 1,1 mn, adentramos o Mosquito Lagoon. São muitas milhas de área totalmente preservada que compõe o Merritt Island Nacional Wildlife Refuge e o Canaveral Nacional Seashore. Nas últimas milhas antes de New Smyrna o lagoon transforma-se num canal natural, o Mosquito River, por entre um emaranhado de ilhas de mangue preservado. Nenhuma cidade, apenas fishing camps, com trailers e motorhomes, pois é um paraíso de pescadores.


O Haulover Canal e sua ponte basculante 

Muitos pássaros no Mosquito Lagoon  

Um fishing camp ao longo do Mosquito River

Todas as águas internas na costa leste da Florida é região de Manatees, o Peixe-boi, que eles preservam com muito cuidado. Até aqui só vimos um Manatee, em compensação golfinhos avistamos com muita frequência.


O cuidado com o Manatee é intenso

Pegamos ventos SW de 12-16 nós com rajadas malucas de até 29 nós. Ancoramos, ainda com rajadas fortes, próximo a principal ponte da cidade em frente a um bonito e equipado parque público a beira do rio, uma característica destas cidades ao longo da ICW. Outra característica é ter uma marina municipal. São marinas simples, protegidas, com a infra-estrutura necessária: combustível, água e pump-out (serviço de esvaziamento dos tanques de águas negras, obrigatórios por aqui) sem taxa extra, energia elétrica no cais, banheiros, coin laundry, pier para dingues, sala de convivência, wifi, quiosques com churrasqueiras, coleta de lixo, algumas com poitas. Umas menores outras nem tanto, a de Tittusville, por ex., tem 205 slips além das poitas. Sempre eficientes, limpas e bem administradas.


A ancoragemem em New Smyrna Beach

Neste primeiro dia não fomos à terra devido as fortes rajadas. Na manhã seguinte fomos conhecer o downtown de New Smyrna e a marina municipal, próximos a ancoragem. O que não vimos nem sinal na cidade foram os carrinhos elétricos, que segundo o nosso guia, transportariam os visitantes, inclusive para o mercado, gratuitamente.


Canal Street em New Smyrna 

Na marina municipal de New Smyrna 

Na metade da tarde com um vento Norte forte e bastante corrente (estávamos próximo do Ponce de Leon inlet), resolvemos não ficar para dormir na ancoragem e rumamos para Daytona Beach, 14 mn a diante.

O farol do Ponce de Leon Inlet


Tittusville, Fl

Saímos da ancoragem em Cocoa na manhã de sábado (31/01) para irmos até Tittusville (44.200 habitantes), apenas 17 mn e uma única ponte basculante. O dia estava ensolarado e mais quente, no final desta que foi a semana mais fria até aqui.

A NASA Bridge a caminho de Tittusville

Pegamos uma poita em frente a Tittusville Municipal Marina o que nos dava direito as facilidades da marina como banho, lavanderia, doca para o dingue e wifi, que só conseguíamos acessar no barco graças a nossa antena BadBoy, mas com pouca velocidade. 


TinguaCat na ancoragem em frente  a marina

No domingo um charrasco a bordo

Como Cocoa a cidade é pequena com um preservado  Historic Downtown (onde a cidade iniciou). Sua grande atração é estar do outro lado do rio em relação a base de lançamento de foguetes da NASA. A cidade tem museus e monumentos relativos a atividade espacial americana. A marina fica bem próxima, ao lado de um parque na beira do Indian River. Aqui descobrimos a rede de mercados Save a Lot, com preços mais em conta.


Pratica de esportes aquáticos no fim de semana:
Vela (oceano e monotipo), Kite Surf, Kaiak, SUP.

Mesmo na poita não deixamos de ouvir o tuuu, tuuu de nosso companheiro de jornada, o trem. Com excessão da ancoragem no Lake Worth em todos os demais lugares, inclusive em Melbourne, a estrada de ferro que corta toda a costa leste da Florida passa perto da ICW, de tal modo que se não vemos o trem o ouvimos. De dia, de noite, de madrugada...


Lua cheia vista da Marina Municipal