domingo, 27 de agosto de 2017

De Novo em Abaco

No dia 20/07 último retornei a Florida para mais uma navegada até a região de Abaco, nas Bahamas, como no final de abril passado (veja aqui e aqui). Desta vez com um pouco mais de tempo e na companhia dos amigos Marco Antonio Duarte Rodrigues, Luciano Luiz Pacheco e Leone Carlos Martins Jr. Por que Abaco? Porque a região é muito linda e disputa com as Exumas o título de melhor destino para navegantes nas Bahamas, além de ser mais perto da marina em Fort Pierce onde estava o TinguaCat.


Jantando em Vero Beach na véspera da partida

Saímos da Harbortown Marina às 08:30h do Domingo (22/07) com vento de 4-6 nós de proa e mar baixo. Até a entrada do Little Bahamas Bank, cerca de umas 65 mn de travessia foi assim. Á noite entrou vento de até 20 nós em um ângulo de 30-40° o que nos permitiu velejar com a ajuda de um dos motores em baixa rotação, pois a corrente ainda era contra. Ao amanhecer o vento caiu para 7-10 nós mas ainda com algum ângulo para usar vela. Já conhecendo Abaco desta vez fui direto a Green Turtle Cay, numa travessia um pouco maior de 168 mn, que é uma das melhores paradas e a primeira com boa estrutura (custons, telefônica, mercados, etc.). Ancoramos em frente a New Plymount às 13:45h de segunda feira, 28h15' depois da saída. Com ventos Leste e Sudeste (que são os dominantes) pela proa a ida não rende muito bem. Desta vez só pescamos um Atum pequeno e perdemos várias iscas. Chegamos a conclusão que o problema eram os empates muito fracos que eram rompidos na mordida dos peixes. Mas, ao menos salvamos o sashimi da viagem.





Depois de almoçarmos, descemos o dingue e fomos para a vila fazer custons e comprar crédito de celular. Atendidos por uma simpática e prestativa oficial desta vez só os três novos tripulantes pagaram 20 dólares cada. Eu e o TinguaCat não precisamos pagar nada pois ainda estávamos dentro dos 90 dias da última entrada no país. Mas não escapei de preencher os 4 ou 5 formulários, onde você repete várias vezes todos os dados, inclusive os nomes, nacionalidade, data de nascimento e passaportes de todos a bordo. A telefônica BTC estava sem expediente até a quinta feira então compramos créditos no simpático Plymount Rock Liquors and Cafe, pois o chip da última vez ainda estava ativo.

Plymount Rock Liquors and Cafe


Sunset na ancoragem em New Plymouth

Dia seguinte alugamos um Go Kart e percorremos toda a bonita ilha. O ponto alto foi a parada na praia de águas transparentes da Coco Bay com direito a alimentar tartarugas e até a presença de um arisco Tubarão Lixa (Nurse Shark). Antes do final do dia rumamos para Great Guana Cay, distante 15 mn, onde não paramos na outra vez, ancorando em Fisher's Bay.



Coco Bay em Green Turtle Cay 


Limpando os hélices e rabetas  

Nos dias seguintes estivemos novamente em Man-o-War Cay, a ilha onde é proibida a bebida alcóolica, e na bonita e simpática Hope Town, em Elbow Cay, onde ficamos mais tempo desta vez e em Marsh Harbour, a capital de Ábaco, onde abastecemos de diesel e água. Só aí depois de termos comprado duas rodadas de 6 GB a $25 que descobri que por $35 poderíamos ter internet ilimitada por 30 dias. O consumo de internet desta vez foi bem maior pois o Leone é um devorador de bytes, ou melhor gigabytes. Saímos desta última no dia 28/07 e fomos direto ancorar em Fowl Cay, já na direção da Florida, que é um parque de preservação. Neste dia tivemos várias pancadas de chuva com prenúncio de mudança do tempo. No dia seguinte sairia o tradicional vento E/SE e entraria vento Sul. 





Praias lado de fora (Norte) de Hope Town 

Sunset no porto de Hope Town, visto do deck do Cap's Jack

No sábado (29/07) pela manhã, já com vento Sul que trás algumas ondas para a até então tranquila baía de Abaco rumamos para Nunjack Cay, uma ilha pouco habitada e de ótimas praias de águas transparentes próxima de Green Turtle na direção dos EUA, uma dica do pessoal do Plymount Rock. Como o vento era S evitamos as Coconut Tree e Nunjack Beachs e pela carta náutica escolhemos ancorar numa linda e protegida (pelas Nunjack Rocks) baía a W da ilha com uma ótima praia.


Fowl Cay 

Estava com fome 

Baía com praia no lado W de Nunjack Cay 


Último sunset em Nunjack Cay

Estava aguardando por uma vaga em seco para o TinguaCat na Riverside Marina em Fort Pierce e planejava voltar para lá na segunda feira. Na sexta à tarde soube que a vaga não se confirmou e a opção então era rumar para St. Augustine numa travessia para NW de quase 300 mn. Com a previsão da passagem da tempestade tropical Emily por Abaco vinda da Florida na segunda feira antecipamos o zarpe para às 07:05h da manhã de Domingo (30/07).


Foi uma travessia muito desconfortável com mar de 1-2 m mas muito mexido e ventos que variaram de 16 até 24 nós de SW indo cada vez mais para W o que nos deixou numa orça apertada. Tivemos vários temporais curtos quando o vento chegava a passar dos 30 nós. Rizamos a vela grande para o segundo rizo e no início da noite de terça feira já a umas 60 mn do destino o vento mudou para Norte, sempre em torno de 20 nós, e o mar ficou ainda mais desencontrado. A pedido de parte da tripulação baixei toda a mestra. Ficamos sem vela pois a orça agora era bem apertada. Deveríamos chegar por volta das 3h da madrugada mas naquelas condições não iria entrar na barra do Rio Matanzas no escuro. Não tem porto em St. Augustine então a barra não é das melhores, sem molhes de proteção e com bancos de areia dos dois lados. O jeito foi diminuir o ritmo e esperar o amanhecer. Depois de zanzar por uma hora nas proximidades da barra entramos com a primeira luz do dia às 06:45h da manhã.




Estávamos exaustos mas como a marina tinha disponibilidade de fazer o haul out do TinguaCat naquela manhã, rumamos para lá passando pela Bridge of Lions de abrir, no centro da cidade e enchendo os tanques de diesel na Marina Municipal. O TinguaCat ficou, pela terceira vez, na St. Augustine Marine Center, no Sebastian River um afluente do Matanzas. Neste dia mesmo e no final da quarta trabalhamos para deixar o barco. Na quarta de manhã tivemos que ir a Jacksonville, a 50 km, para fazer a entrada nos Estados Unidos pois o escritório do Custons and Border Protection no Aeroporto de St. Augustine fechou.


Haul out em St. Augustine

Na quinta feira 03/08 rumamos para Fort Lauderdale, nossa base até domingo, para os tripulantes irem as compras. No domingo cedo eu e Luciano deixamos o Marco e o Leone no Aeroporto de Miami para retornarem ao Brasil e rumamos de carro para New Orleans, pela Gulf Coast, fazendo 1.900 km em três dias. Mas esta é outra aventura.


Já refeitos da travessia jantando em St. Augustine 

A cerveja mais consumida na viagem 

Final de tarde de sábado em Lauderdale by The Sea

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