O principal motivo da minha visita a São Luís do Maranhão foi para conhecer os estaleiros que lá fabricam catamarans. Como comentei no post Os Catamarans do Maranhão a produção destas embarcações vem se desenvolvendo muito por lá, na tecnologia de construção, nas características técnicas que propiciam maior desempenho, na navegabilidade e no acabamento e conforto de seus interiores. Este último item vem sendo fomentado pelo mercado comprador, atualmente mais concentrado na Bahia e Pernambuco. Visitei os três maiores estaleiros, que conseguem tocar a construção de várias unidades ao mesmo tempo. No entanto, existem vários pequenos construtores navais individuais que constroem sob encomenda projetos próprios ou de terceiros
O construtor naval Gaudêncio e seus filhos constroem atualmente os catamarans denominados Pérola38, como o nome diz de 38 pés de comprimento. A meu ver são os que conseguiram o melhor leiaute interno. No entanto, o estaleiro não tem evoluído nas técnicas construtivas construindo seus barcos utilizando a metodologia strip-planking para as obras vivas (embaixo da linha d'água) e chapas de compensado naval fibradas nas demais partes e mastros de madeira. Também, considerei que as modificações são introduzidas mediante cópia de outros modelos, sem nenhum estudo mais aprofundado do resultado em termos de navegabilidade, confiabilidade e até segurança. Durante nossa visita haviam quatro Pérolas38 em construção.
O Estaleiro Maramar Náutica é o que possui maior estrutura em instalações. Fabrica os modelos Praia nos tamanhos de 28, 30 e 47 pés e, agora, também um modelo de 34 pés derivado do sucesso de vendas Praia30. Bem organizado, com uma boa estrutura administrativa encontramos em construção dois Praia47, sendo um sem velas para charter, e o outro o barco do velejador Fernando Previdi e mais dois Praia30. Os barcos são construidos em fibra de vidro com espuma de Divinycell a partir de moldes (formas). O estaleiro fabrica ainda embarcações à motor.
O terceiro estaleiro é o Bate Vento Sailmaker & Catamarans, do velejador e construtor naval Sérgio Marques. Sem dúvida é o de maior avanço técnico e o que "puxa" o desenvolvimento deste segmento. O estaleiro, que também tem uma veleria, começou com a linha Taaroa e um modelo de 7,50 m. Hoje produz a linha BV com modelos de 26, 36, 43 e, em lançamento, um 45 pés com fly. A Bate Vento utiliza moldes para a construção em fibra de vidro com espuma de Divinycell, técnica na qual Sérgio é mestre obtendo barcos fortes, confiáveis e com baixo peso relativo. No dia seguinte a nossa chegada colocaram na água o BV36 Papangu, que vai para Recife, e tinha no estaleiro um 36 só a motor e quatro 43 em construção.
Um BV43 em construção, no estaleiro Bate Vento
Formas dos diversos modelos, no Bate Vento
No interior de um BV43
Nos estaleiros mannhenses a construção é totalmente artesanal e cada unidade fica diferente da outra, principalmente no seu interior, pois é praxe a customização das unidades por seus proprietários, que em alguns caos fazem as vezes até de projetistas. Outro fato que me chamou a atenção, apesar da grande quantidade de embarcações em fabricação (para os padrões brasileiros) leva-se de 1 a 1,5 ano para a entrega de um barco.
Mais imagens aqui.
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