quinta-feira, 4 de julho de 2013

Subindo a Costa do Brasil no Cascalho 1

Meu sonho é um catamaran Lagoon380 para sair com a família por aí. E não é que por causa deste sonho e o gosto pelos cruzeiros à vela conheci o casal Luiz Fernando da Silva e Mauriane Conte, dos quais já falei aqui. Eles compraram seu Lagoon380 e foram viver a bordo ou viver à vela, como eles preferem. Luiz e Mauriane, que tem uma linda história, depois de virem de Roma com seu catamaran até Santa Catarina, onde moram seus familiares, estão subindo a costa brasileira rumo ao Caribe e me convidaram para fazer um trecho a bordo do Cascalho.

O cascalho, um Lagoon380S2
 
 Assim embarquei no Cascalho no último dia 21/06 (sexta-feira) no ICRJ onde eles chegaram nesta mesma tarde vindos da Ilha Grande. Estudamos as previsões e resolvemos sair no domingo pela manhã direto a Abrolhos, numa travessia de cerca de 440 mn, pulando Vitória onde havia previsão de pegarmos alguns dias de ventos NE. Aproveitamos o sábado para fazer mercado e após completarmos os dois tanques (120l cada) de diesel zarpamos às 08:35h da manhã de domingo (23/06).


Subindo as velas na saída do Rio

Saímos com mar de até 2m com ondas de Sul e ventos fracos de SE. Com pouca ajuda do vento motoramos até passar o Cabo Frio, às 19 horas, quando tivemos melhor ângulo e o vento foi crescendo até os 13-15 nós, nos permitindo 16 horas só nas velas, mantendo uma média de pouco mais de 6 mn/hora.


Pesqueiro em alto mar

Amanhecer, sempre lindos

Na terça-feira (25/06) passamos pelo través de Vitória, 40 milhas mar a dentro, pelas 7 horas da manhã. No través do Rio Doce fomos visitados pelos primeiros Golfinhos. O vento diminuiu e tivemos que ajudar no motor. Luiz utiliza um motor de cada vez e assim perde apenas cerca de um nó de velocidade final, mas economiza combustível e os motores. Os dois motores só são usados na entrada e saída dos portos e em manobras.


Golfinhos em seu balé na proa do Cascalho

Na madrugada do último dia, quarta-feira (26/06), o vento foi mais fraco do que as duas noites anteriores, entre 5-8 nós, mas a lua ainda cheia continuava a nos acompanhar nas noites com muitas estrelas. Pela manhã, já próximos do Arquipélago de Abrolhos, começamos a avistar muitas baleias Jubarte dando seus belos saltos. Infelizmente nenhuma chegou tão próximo que rendesse uma boa foto. Ancoramos no fundeadouro Sul da Ilha de Santa Bárbara por volta das 08:15h, tendo feito uma média de 6,1 nós. Tratamos logo de dar um mergulho naquelas águas transparentes.


Cascalho ancorado em frente a Ilha de Santa Bárbara

Os dias em Abrolhos foram maravilhosos. Fomos muito bem recebidos tanto pelo Guarda Parque Edson Alves (Edinho) do ICMBio (responsável pelo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos) como pela guarnição da Marinha do Brasil (responsável pelo farol), comandada pelo Sarg. Paulo César. Já na primeira tarde Edinho nos levou para assistir Brasil x Uruguai em sua casa. Na manhã seguinte (27/06) deixamos de ser os únicos com a chegada do catamaran Sul Africano Vagabund, do Zack e da Magda. E fomos levados pelo Edinho para uma visita a Ilha Siriba, criadouro natural de Atobás brancos e marrons e de Grazinas. À tarde foi dedicada ao snorkel nas proximidades das Ilhas de Santa Bárbara e Siriba.


Filhote de Atobá Branco, na Ilha Siriba

  
 Grazina chocando seus ovos

 
 Peixe Frade

No final desta tarde, gentilmente ciceroneados pela Cabo Enfermeira Geane, tivemos a honra, as duas tripulações, de acompanhar o acendimento do farol. Inaugurado em 1861 o Farol de Abrolhos, com 35 mn de alcance, é o segundo mais antigo em atividade no mundo. Voltamos para o Cascalho maravilhados para saborear uma picanha com um bom vinho tinto, já que não pegamos um único peixe em toda a travessia.
 


A lâmpada do farol



 O farol recém acesso

 Abrolhos vista do farol

Na sexta (28/06) não sem antes fazermos mais snorkel, zarpamos às 13:20h rumo a Santo André, no litoral Sul da Bahia, distante 109 mn, com muita pena de deixar aquele paraíso. Dias ensolarados de céu azul, águas transparentes e calmas, noites de lua com muitas estrelas, recepção calorosa dos brasileiros que lá servem.

O lado norte da Ilha de Santa Bárbara

Mais imagens aqui.

Um comentário:

Mauriane e Luiz disse...

Olá Fermando,

Estamos nesse momento a 10 mn de Itacaré, vento de popa de 13 nóscom vel de 6,5 nós. Obrigado por dividir conosco todo o seu conhecimento durante os dias a bordo do Cascalho.

Abraços,

Mauriane e Luiz