Tobago é uma ilha de 300 km², com 42 km de comprimento e 10 km de largura, que faz parte de Trinidad & Tobago. Quase toda montanhosa e coberta por florestas tropicais tem apenas cerca de 60.000 habitantes, a esmagadora maioria negra, com alguns hindus e brancos. A maior parte vive na ponta sul da ilha, que é plana e desmatada. Lá ficam as cidades maiores: Scarborough (17000 hab), Crown Point e Plymouth. Como a economia é incipiente a ilha está bem preservada e para o norte existem apenas pequenas vilas sempre próximas ao mar. A população em geral vive com poucos recursos, mas todas povoações principais possuem escola e biblioteca públicas com internet grátis, posto de saúde, água tratada, caixa automático de banco e estrada asfaltada que contorna toda a ilha.
Charlotteville é uma pequena e pacata cidade, a mais ao norte de Tobago. Os únicos não negros são os velejadores de passagem ou algum eventual turista. Possui a maior comunidade de pescadores de Tobago, reunidos numa cooperativa, que em cerca de 40-50 barcos como o mostrado na foto abaixo pescam de corrico peixes como Cavala, Dourado (aqui Mahi-Mahi) e Kingfish.
Os veleiros costumam ancorar em frente a Pirate's Bay, uma pequena enseada dentro da Man O'War Bay, numa profundidade de 15-20m. Próximo a vila o fundo possui muitas pedras. Depois de ancorar, com cerca de mais 20 veleiros, fomos a terra para fazer os trâmites de imigração e conhecer a vila. Na segunda-feira (19/12) fomos a um local que reúne no mesmo pequeno ambiente acesso a internet e lavanderia. Lavar roupa e, claro, "secos" por uma internet. Durou só meia hora. A internet saiu do ar e até a quarta-feira à tarde quando saímos de lá ainda não havia retornado. Por sorte meu filho Gabriel estava no computador e consegui dar notícias pelo Skipe antes da internet cair.
Na terça contratamos o Davis, misto de motorista, guia, cozinheiro e garçon dono de uma biroska pé-na-areia, para um tour pela ilha, na sua Nissan cabine dupla novinha. A estrada é asfaltada, muito sinuosa pelo meio da mata beirando o mar. Em Trinidad & Tobago a mão é inglesa , assim como a língua oficial, e ao cruzar outro carro parecia que a colisão era inevitável. A costa noroeste tem as praias e enseadas mais lindas, com destaque para, além de Charlotteville, Parlatuvier, Castara e Englishman's Bay, a mais linda.
Neste mesmo dia organizou-se um churrasco, com mais peixe que carne (pois só nós possuíamos carne bovina, artigo raro por aqui), regado a caipirinha com cachaça, com participação do pessoal do Flyer, Daniel e Cristine do Irun, Virginie do Utinam e alguns amigos franceses de outros veleiros, do Travessura, recém chegado em Charlotteville, alguns locais e até uma turista de Madagascar, na biroska do Davis.
Depois de darmos saída na imigração, zarpamos por volta das 16:00h de quarta (22/12), num percurso de 21 mn, para a Store Bay em Crown Point, no sul da ilha, onde ancoramos, em fundo de areia, por volta das 20:00h, a 300m de terra com 5m de profundidade, em frente ao Coco Reef Resort e a prainha do meio. Na ponta sul de Store Bay ficava o Forte Milford e este canto da baía é também conhecido por Milford Bay. Quinta cedo fomos a Scarborough para darmos entrada. A cada vez que nos movimentamos de um lugar para outro é preciso dar entrada e saída na imigração e aduana. Nesta manhã chegaram o Flyer e o Travessura. O Irun foi para Grenada.
Estamos no último mês da temporada de chuvas e ainda chove todos os dias várias vezes. São chuvas rápidas, localizadas, que muitas vezes se resumem a alguns pingos, mas vez que outra se comportam como um pirajá.
Aqui em Tobago as águas são piscosas, mas come-se muito frango, que é importado apesar de encontrarmos galinhas soltas em todos os lugares. Carne de gado é raridade e cara, suíno um pouco menos. E a comida é bem apimentada. A colonização foi inglesa, atualmente é americana. Muitos hábitos, principalmente alimentares, importados dos americanos. Mas não há muita consideração pelo consumidor é "se quiser é assim...". Em Trinidad & Tobago é preciso conseguir uma licença especial para vender bebidas alcóolicas, sendo comum restaurantes e lanchonetes e até mini-mercados que não vendem nem cerveja. Deu para notar que eles gostam muito de carros, em sua grande maioria de marcas japonesas, que em muitos casos são customizados ou ostentam adesivos com frases do tipo "It's my Queen". Outra característica local é que pessoas comuns em seus carros fazem serviço de táxi, mediante a cobrança de uma taxa fixa por pessoa conforme o trajeto. No caminho outras pessoas podem ser embarcadas. Existem os táxis "de verdade" mais caros, que também não tem taxímetro, nem aquele indicador no teto, nem cor especial. Tanto num como no outro negocie sempre antes, pois os valores podem variar muito quando o freguês é turista.
Comemoramos o Natal entre os três veleiros brasileiros, dentre os mais de 20 na ancoragem, já comentado no post anterior. No domingo nosso tripulante Luiz Schaefer, que iria voltar ao Brasil de Trinidad, onde temos reserva na Marina CrewsInn para dia 28, comprou passagem para a mesma noite criando um problema desnecessário ao comandante que vou me abster de comentar.
Saímos na segunda às 14:30h para Trinidad (Rumo=240®, vento E 18 nós, ondas de 1-2m desencontradas, mais tarde menos de 1m de popa) junto com o Flyer, numa rota de 61 mn. Cruzamos com vários cargueiros duas vezes precisando manobrar para sair da rota de colisão, na segunda delas estávamos no rabo de um pirajá com 30 nós de vento e tivemos que entrar em capa para não colidir. Dormimos no abrigo da Ilha Chacachacare já dentro do Golfo de Pária, onde chegamos quase a uma da manhã.
Mais fotos em www.picasaweb.google.com/lflbeltrao/trinidadtobago2010
Um comentário:
Muito legal esta viagem.
Parabens à toda a tripulação.
Abraços.
Moura.
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