terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Charter nas BVI - 3 (Dicas)

Meu projeto inicial era fazer o charter nas Grenadines, iniciando-o depois do Natal. Esperava nesta época velejar com os brasileiros que subiram para o Caribe nesta temporada, como o Guga Buy, Flyer, Temujin, etc. Mesmo iniciando os contatos em Setembro não conseguimos veleiros (a não ser muito grandes) para esta época. Outra dificuldade eram as passagens aéreas.

Acabamos por mudar a data e o local. Optamos pelas Ilhas Virgens Britânicas (conhecidas pela sigla em inglês BVI) um tradicional local de charters no Caribe. Contribuíram na decisão a opinião do amigo velejador Cleidson Nunes (o Torpedinho), do Recife, e o relato do Philip Connoly , de Itajaí, que com amigos fez um charter lá em 2009, publicado na Velejar (números 45,46 e 47). Foram muitas horas de pesquisa na internet e inúmeros emails, mas como vocês já sabem o resultado compensou.

Escolhemos a Conch Charters por ter preços melhores que as gigantes do setor (The Moorings e Sunsail) e pela referência do Philip. É uma empresa pequena (30-40 barcos) mas muito organizada e eficiente, com barcos bem cuidados. O período de Dezembro a Abril é a alta temporada no Caribe. A Conch tem alguns períodos, chamados season special, onde a duração do charter é extendida em alguns dias pelo valor da semana. Pegamos um destes períodos e fizemos 10 dias de charter pelo valor de 7, no caso da alta temporada. Maio é um bom mês para um charter lá, pois é média temporada, tem season special e ainda não é temporada de furacões.

Considere um acréscimo de cerca de 15% do custo do aluguel do veleiro em seguro e taxas diversas. Além do seguro paga-se ao governo uma taxa de licença (Cruising Permit) de US$ 2/pessoa/dia e a Marine Conservation Permit (aquela taxa dos parques nacionais) fixada conforme o número de passageiros/barco/semana, no nosso caso US$45. Some-se ainda 20 dólares pelo tanque cheio do dingue e mais 20 pelo celular disponibilizado com os mesmos 20 dólares de crédito. Dentre os opcionais oferecidos o sleep aboard a US$ 25 por tripulante e a compra das provisões mediante o envio de uma relação antecipada. A Conch fornece free equipamentos de snorkel (menos tamanhos infantis) e pode sob consulta providenciar outros equipamentos e serviços, como traslado do aeroporto.

Resolvido o charter é preciso ver as passagens aéreas. Pesquisei muito, com voos via Miami, Caracas, Panamá e as variações a partir destes locais. Há muito poucas opções de voos do Brasil para o Caribe, mas há pouco tempo a Gol/Varig passou a operar três voos para lá (Curaçao/Aruba, Barbados e Sint Maarten, e agora também um charter para Punta Cana). São a melhor opção tanto em custo quanto em tempo e propiciam o menor número de escalas/conexões. Mas só há uma frequência por semana, aos sábados. Dentro do Caribe, principalmente para as ilhas com aeroportos menores como Tortola, a empresa regional LIAT é a que tem o melhor numero de opções e preço. Voa com turbo hélices Dash8 Série100 (29 lugares) e Série300 (48 lugares).


Um Dash8 no Aeroporto de Tortola

Nas BVI a língua é o Inglês, a mão de direção também, mas a moeda corrente é o Dólar Americano. A comida, tanto nos mercados como nos restaurantes, é mais cara que os nossos padrões. Procure fazer seu rancho na loja do centro de Road Town da RiteWay, a rede mais em conta, que leva as compras até a marina sem custo. Para reabastecer aconselho Cane Garden Bay e o mercado da Marina Leverick, pois nas outras marinas os preços são maiores.


Guia e o mapa da Conch Charters que tem fotos aéreas e rotas sugeridas

Sugiro um roteiro que dá a volta na Ilha de Tortola no sentido anti horário com parada nos pontos mais badalados, como o que fizemos, mostrado no mapa abaixo. Usei o guia náutico "To The Virgin Islands" de Nancy e Simon Scott, comprado de antemão na Amazon, que dá todas as informações de navegação, ancoragem, atrações e facilidades de cada local. No entanto, a Conch fornece, no briefing, um mapa visual e muitas informações além de manter um exemplar de um guia náutico da região no barco.


Nosso roteiro com os pontos de pernoite


Como comentei, em todos estes locais há poitas disponíveis ao custo de US$25 por pernoite. Durante o dia pode-se usar as poitas a vontade sem custo. Elas são instaladas e mantidas por uma empresa privada com excelente qualidade. Também pode-se ficar ancorado, excessão de alguns locais, como Machionnel Bay na Cooper Island, onde é proibido jogar âncora. Nos parques nacionais as poitas são livres (paga-se uma taxa obrigatória no inicio do charter), mas é proibido ancorar, pescar e pernoitar.

As poitas tem até manilha

Em todos estes locais há bons bares/restaurantes sempre com pier para os dingues e wireless grátis. O sistema é americano com cardápios diferentes para o lunch e para o dinner. A happy hour começa às 4 da tarde (até as 6 costuma ter incentivos nos preços dos drinques) bastante animada, em alguns com música ao vivo. No Caribe são muito comum os punchs, drinques a base de rum e sucos de frutas. Nas BVI há um punch tradicional conhecido por Painkiller. Gostossíssimo é preparado com suco de abacaxi e laranja, leite de coco, gelo, noz moscada on top e navy rum. O atendente vai te perguntar "What number?" O Painkiller pode ser numero 2, 3 ou 4 conforme o numero de onças (1 oz imperial = 28,4 ml) de rum. Manda logo um número 4...

Caneca para Painkiller do Pusser´s

Em vários locais há marinas que oferecem toda a estrutura com poitas, pier, combustível, água, gelo, banhos, recolhimento de lixo, bar/restaurantes, hotel, mercado, lojas. Todos serviços pagos. Algumas dicas: na Leverick Bay Marina na baía de North Sound na Virgin Gorda , se usares uma poita (US$ 25 o pernoite) tens direito a 200 galões de água e um sacão de gelo free, bem como o uso dos banheiros. O lixo é cobrado a razão de 2-3 dolares por saco. Compre sacos grandes para economizar ou descarte-os em Cane Garden Bay onde existem conteiners públicos ou guarde-os até o final do charter para descartá-los na marina da Conch.

Em North Sound recomendo ainda uma visita ao Saba Rock, construido sobre uma pequena ilhota, bar/restaurante, hotel e gift shop muito bonito e animado. Para quem pernoita em suas poitas também franqueia água e gelo. Em Marina Cay o Pusser's tem uma comida de primeira e o melhor Painkiller que experimentamos. E foram muitos...

O Saba Rock na North Sound, Virgin Gorda

Também valem a visita o Foxy's em Jost Van Dyke e o Pirates Bight, em Norman Island. Um lugar que não é badalado e gostamos muito foi a Guana Island: a Monkey Point é um ótimo ponto para snorkel e a White Bay tem uma linda praia pouco movimentada.

Em frente ao Foxy's na Great Harbour, de Jost Van Dyke


Da onde vem o nome Guana Island
Fotos do charter nas BVI em www.picasaweb.google.com/lflbeltrao/BVI2011.

Um comentário:

Anônimo disse...

irado, parabens!