segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Bahamas - Tão Perto Tão Longe

Era para termos feito a travessia de cerca de 50 mn da Florida para as Bahamas entre 18 e 20/12 mas os ventos Alísios chegaram e esta difícil de conseguir uma boa janela. Temos tido muito vento SE e E e mar mais alto com ondas muito curtas. Pelas previsões esperamos atravessar na próxima terça feira (29/12) ou na quarta.

A esposa e os filhos Gabriel e Rafael chegaram no último dia 13. No dia 17/12 saímos da private dock em que estava em Pompano Beach para a Lauderdale Marine Center em Fort Lauderdale, para resolver um problema com o refrigerador e os últimos preparativos, numa distância de 12 mn, passando por 9 pontes de abrir. Subimos quase 5 mn no New River na direção  Oeste, afastando da costa. É um trecho muito bonito mas difícil em função das 5 pontes de abrir, sendo que 4 são muito próximas, questão de 400 a 700 m. O rio é estreito, cheio de piers com embarcações em geral enormes e a corrente e vento lateral dificultam manter o barco enquanto se espera uma ponte ser aberta. Na marina prezamos da companhia dos amigos Luiz e Mauriane que lá estavam aprontando seu catamaran Cascalho para voltarem ao Caribe.

New River 

TinguaCat na LMC

Na quarta (23/12) saímos da marina para pernoitar no Lake Sylvia, uma ancoragem ao lado da IntraCoastal Waterway a cerca de 2 mn da barra de Port Everglades, com somente uma ponte de abrir no caminho, pois na quinta teríamos um mar mais baixo de 1,2 m. Infelizmente, ao levantar às 4:30h me deparei com uma mensagem no celular comunicando uma importante perda familiar. Acabamos por perder a hora para zarpar. Mais tarde resolvemos então descer até Miami para esperar lá a próxima data com condições adequadas.

Ancoragem no Lake Sylvia, Ft. Lauderdale

Passamos a ponte da 17th Street e subimos a vela grande antes de sair na barra. A saída na barra de Port Everglades com mar de uns 3 m, ondas curtas e maré vazando foi como cavalgar um cavalo chucro. Mesmo na linha das 3 mn da costa o mar tinha mais que os previstos 1,2 m. Só baixou de 1 m próximo a barra do Porto de Miami. O vento ficou entre 15-20 nós e a medida que descemos os 30° de ângulo com o vento foram aumentando até 50°, o que nos propiciou uma boa velejada no trecho final.  Ancoramos junto a Belle Isle no lado de dentro de South Beach, a poucos metros do inicio da Lincoln Road.

Velejando com mar mais baixo 

A 3 milhas náuticas da costa 

Entrando na barra do Porto de MIami

Foi uma boa decisão ter descido para Miami. A ancoragem é muito boa, temos opções de passeios, até uma ilhota próxima com uma prainha e estamos mais próximos de Bímini/Cats Cay.


 Ancoragem em South Miami Beach

A Belle Isle  

Prainha na Flager Island 

Lua cheia em Miami Beach 

Sunset em Miami Downtown


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Captando Água da Chuva

Como bem sabemos energia e água são os dois recursos limitados em um veleiro. Para melhorar o fornecimento de água é possível captar água da chuva. Há várias maneiras de se captar água da chuva em um veleiro. Uma das minhas "invenções" neste mês aqui em Pompano Beach foi finalizar um sistema para tal. A idéia veio de um Lagoon380 de uma família francesa que navegou pelo Caribe

Nos Lagoon380 a água que escorre do teto do saloon é captada nas canaletas laterais das tampas dos dois paióis situados logo a frente dele e do mastro, onde ficam os dois tanques de água. Ali há um ralo que leva esta água por uma mangueira para fora do barco. Instalei um registro de 3 vias neste ralo de modo que em uma posição continuasse a descartar a água e na outra desvia ela para um filtro, destes comuns de 5 micron, e deste para o tanque de água. Em situação normal, quando se lava o barco, etc. a chave fica na posição "OUT", isto é descartando-a como normalmente. Quando esta chovendo e se quer captar água muda-se a posição para "FILTER". Simples, barato e eficiente. A maior dificuldade foi achar o registro de 3 vias e ter de trocar o ralo por causa da bitola do registro. Fiz só no paiol de bombordo com o tanque deste, pois o outro tanque recebe do watermaker.

 
O sistema

O registro de 3 vias 

A instalação no paiol de BB, note-se as canaletas e o ralo



quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Esperando a Família

Estou num pier alugado numa residência em um canal em Pompano Beach, no Sul da Florida, esperando pela liberação do trabalho e escola da esposa e os filhos Gabriel e Rafael, que chegam neste final de semana. Enquanto isto vou diminuindo a lista de coisas a fazer no barco e inventando melhorias. Preparando-o para a travessia para as Bahamas. A lista do que fazer nunca esteve tão pequena, mas em barcos ela nunca se encerra...


Ótimo local onde estamos

Nos finais de semana aproveito uma promoção e alugo um carro de sexta a segunda. Assim faço o que precisa do carro e passeio pela região. Durante a semana me viro com a bicicletinha dobrável. A região em que estou é excelente e tem ciclo faixas por tudo, além de que aqui eles repeitam os ciclistas. Também tenho tido contato com alguns brasileiros, principalmente o Luiz e a Mauriane do catamaran Cascalho que estão em uma marina em Ft. Lauderdale, finalizando os preparativos para a próxima temporada no Caribe. Até fui num jantar com o tradicional peru no Dia de Ações de Graça (thanksgiving) na casa de brasileiros em Boca Raton, amigos do John Vieira (do veleiro Bulimundu).


Lauderdale By The Sea, a região de Pompano Beach onde estou é muito agradável:









domingo, 15 de novembro de 2015

Travessia Annapolis-Florida - Etapa 10 Vero Beach(FL) - Pompano Beach (FL)

Ficamos em Vero Beach no domingo e segunda feira (8 e 9/11). Estava com muita dificuldade para conseguir uma marina para o TinguaCat até cerca de 20/12 quando pretendo ir para as Bahamas. Fiz contato com mais de 20 marinas a partir de Fort Pierce (2h ao Sul de Vero Beach) até Fort Lauderdale. Ninguém tinha vaga para nós. Na verdade, apenas 3 marinas de um mesmo grupo na região de North Palm Beach tinham vaga mas com valores impraticáveis, em torno de US$ 2000,00/mês. Ft. Lauderdale tinha o agravante de ser justo a época do Boat Show. A opção que restava era ficar em poita e as opções eram onde a gente já estava ou na Sunset Marina em Stuart. De modo que não adiantava prosseguir mais para o Sul e depois ter que retornar. Com a ajuda de vários amigos, principalmente a Mauriane e o Luiz do Cascalho,iniciamos na sexta feira (06/11) negociações para alugar uma private dock num condomínio em Pompano Beach, a poucos quilômetros de Ft. Lauderdale. Finalmente na segunda feira conseguimos fechar esta opção.

Esquilo no Riverside Park de Vero Beach

Enquanto isto, trabalhei na solução do problema com a bomba Flojet do sistema de refrigeração a água da geladeira, finalmente chegando a bom termo. Lavamos roupa e carregamos o botijão de gás vazio. Estivemos na área mais comercial da cidade e caminhamos no excelente Riverside Park, contíguo a marina e as margens do Indian River.

No dia 10/11 zarpamos cedo (06:17h). Mais um dia bonito e quente, mas sem vento. Por volta de 08:20h, após passar pela drawbridge North Fort Pierce, saímos 0,3 mn da IntraCoastal e encostamos no píer do Port Consolidated para abastecer de diesel e completar a água. Ali o diesel é mais barato (mas não bateu o preço da Brunswick Landing Marina). O TinguaCat tem dois tanques de 300 litros de água e nunca conseguimos secar totalmente um deles, mesmo chegando a ficar 6 dias sem reabastecer de água. Voltamos para a ICW logo atrás de 2 catamarans e 2 monocascos que haviam recém passado pela ponte e pudemos velejar com vento de 6-11 nós a 60-30 graus por boreste. Foram mais de 4 horas até o vento aumentar e rondar para Sul, bem pela proa. Desde que entramos na Florida os Botos foram substituídos por Golfinhos. Os avistamos dezenas de vezes por dia mas estes raramente vem brincar próximo ao barco e em geral estão em duplas, sendo difícil fotografá-los. Ao cruzarmos o St. Lucie River, próximo de sua barra em Stuart, passamos a navegar em canais mais estreitos mas de boa profundidade. A partir das proximidades de Júpiter começou uma profusão de pontes de abrir, a maioria com horário. Foram 7 pontes até chegarmos a nossa ancoragem programada no North Lake Worth, em North Palm Beach, com bastante vento.

Amanhecer já na waterway 

Velejando em flotilha 

Praia na ICW, próximo a Jupiter 

Chuva logo após ancorarmos no Lake Worth

No último dia da travessia (11/11) saímos da ancoragem às 07:17h para um verdadeiro rallye náutico. Seriam 16 pontes de abrir pela frente, a maioria abrindo de meia em meia hora. Uma na hora cheia e na meia hora e a seguinte em ¼ e ¾ de hora. Uma delas de 20 em 20 minutos e apenas 3 on request. Na primeira ponte furamos feio. Chegamos para passar em ¾ de hora, mas a operadora nos informou que por ela estar em reforma só estava abrindo de hora em hora, justo  em ¼ de hora. Mais de ½ hora de espera. Depois desta foi uma beleza. Conforme a distância da próxima acelerávamos os dois motores a mais de 3.000 giros ou “tartarugavamos” com um motor a 1400-1600 giros. Acabamos por chegar mais de uma hora antes do que havia previsto. Chegamos na casa do mexicano Alfredo, nosso locador, às 03:15h.

Estaleiros na região de Palm Beach 

Marinas lotadas de grandes barcos

Ponte em Lantana, uma das 16 

Mangusta 165 pés

Estamos bem alojados aqui com eletricidade e água (ainda falta resolver a internet). Num agradável e bonito condomínio, num canal sem trânsito, na parte mais bonita da cidade, a poucas milhas (uma caminhada ou “bicicletada”) do comércio que precisamos – mercado, café, West Marine, Walgreens – e 200 m da praia.

Localização do TinguaCat nos próximos 40 dias 





Jornada cumprida em 28 dias, sendo 22 navegados, e 1.037 milhas náuticas (3.770 km) percorridos por 6 estados. Uma viagem agradável, com rica experiência, muito conhecimento. Apenas um pequeno problema num dos motores, facilmente resolvido e uma genoa por refazer algumas costuras, vítima do ventão no Albemarle Sound, lá na Carolina do Norte. Valeu muito. Ao meu grande amigo e companheiro de viagem Comandante Jorge Luiz Silveira, meus maiores agradecimentos pela ajuda e convivência excelentes.

Só para dar uma idéia da travessia, pois viemos pelo litoral

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Travessia Annapolis-Florida - Etapa 9 St. Augustine (FL) - Vero Beach (FL)

Decidimos ficar mais um dia na poita em St. Augustine para efetuar a troca de óleo e filtros  dos motores, o que foi feito pela manhã. A diária das poitas vence as 11:00h e assim faríamos com mais calma. No dia seguinte cedo ao ligarmos os motores para reiniciar a travessia, o motor de bombordo após alguns minutos disparou o alarme, acendeu as luzes de alerta de óleo e stop e parou de funcionar. Havia funcionado os motores por 15 minutos após a troca de óleo sem nenhum problema. Acabei por levar o barco com um motor só  para a St. Augustine Marine Center, uma marina de serviço onde o TinguaCat ficou de Fevereiro a Junho, a umas 4 mn no San Sebastian River, um afluente do principal Matanzas River. Mecânico só no outro dia pela manhã. Pelas 9h chegou o mecânico e rapidamente constatou e solucionou o problema que era ar na alimentação de combustível. Gastei US$ 42,00 e aprendi mais sobre o motor pois pensava ser problema com a pressão do óleo.

TinguaCat no St. Augustine Marine Center

As 10:40h do nosso 22 dia (05/11) iniciamos nossa perna de número 9. Dia bonito, ensolarado, calor de uns 30 C, ventos fracos de SSE, muita corrente contra. Pelas 12:30h passamos pelo Fort Matanzas, próximo ao inlet de mesmo nome. Uma ponte para abrir mas sem horário, on request. Chegamos a Daytona Beach onde ancoramos próximo as Twin Bridges (das muitas pontes) às 17:30h, acompanhados de dois veleiros canadenses e um pequeno catamaran americano, nossos companheiros de quase todo o dia.

 Fort Matanzas

Companheiros do dia 

Uma das preciosidades com que se cruza no caminho 

Outra... 

Ancoragem nas Twin Bridges em Daytona Beach

Desde que entramos na Florida o meio ambiente já havia mudado. Não há mais o zig-zag entre rios que aqui correm paralelos a costa oceânica. As margens da ICW são bem mais urbanizadas. Um movimento maior de pequenas lanchas, as “chatas” de carga desapareceram e quando em quando encontra-se alguma de serviço. Até aqui ainda teve alguns trechos com os marsh (pântanos) de capim Sweetgrass. Mas agora, quando há  pântanos, eles são parecidos com os nossos mangues.

Saímos da ancoragem em Daytona Beach (06/11 – sexta feira) as 06:45h, com a primeira claridade para fugir do horário restrito da primeira drawbridge logo ali a menos de uma milha da ancoragem. Logo em seguida mais uma para abrir, tudo no centro de Daytona. Durante o trecho até Titusville de 42 mn ainda tivemos mais duas pontes para abrir, uma com horário em New Smyrna Beach. Dia ensolarado e quente com duas trovoadas que conseguimos evitar e muita corrente contra e  vento pela proa. Até conseguimos abrir a genoa no Mosquito Lagoon por pouco tempo. Depois das 11h o vento cresceu e se manteve em torno dos 20 nós. Não gostamos da ancoragem planejada e fomos pegar uma poita da Titusville Municipal Marina. Dia mais curto, eram 14:45h . Colocamos o bote na água e fomos para terra, dar uma volta na cidade e comprar alguns perecíveis no mercado. Titusville fica do outro lado do rio da base de lançamentos de foguetes da NASA em Cabo Canaveral e se diz o melhor lugar para assistir estes eventos.

Zarpando antes do Sol aparecer 

A primeira drawbridge de Daytona Beach


Amanhecer na ancoragem em Titusville

Dia seguinte (07/11) saímos 06:40h e tivemos só a NASA Causeway Bridge de abrir. Outro dia ensolarado e quente com algumas nuvens dando umas pingadas na gente. O vento só entrou pelas 11h e veio como sempre de Sul (isto é na nossa cara) e entre 14-19 nós. Com este vento e a corrente que teima em ser contra (100% neste trecho) vamos queimando diesel. O maior problema da corrente é o horário das marés deste período e também o fato de haver poucas barras nesta região. Chegamos ao campo de poitas da Vero Beach City Marina às 17:35h e nos amarramos na numero 2. Até aqui foram 24 dias e 935 milhas náuticas.

Arco Iris após uma rápida e fraca chuva, na altura de Melbourne 

TinguaCat na poita em Vero Beach 

Mais um Arco Iris, agora em Vero Beach

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Travessia Annapolis-Florida - Etapa 8 Brunswick (GA) - St. Augustine (FL)

Em 31/10, um sábado às 16:07h, deixamos o cais de abastecimento da Brunswick Landing Marina abstecidos de água e diesel para cumprirmos a etapa até St. Augustine, na Florida. A manhã do sábado foi usada para irmos ao mercado comprar itens perecíveis e conhecer um pouco de Brunswick, que além da ponte e da marina não tem nada que chame a atenção. Saímos nessa hora para não pernoitarmos na marina e pagar mais uma diária.


Voltando do mercado com a bicicleta emprestada da marina

Navegamos até 18:45h quando ancoramos mais uma vez num riozinho lateral, o Floyd Creek, em frente a Cumberland Issland, com 2,6 m de profundidade. Escolhemos estes pequenos rios, quando eles tem calado, para fugir da corrente maior no rio principal e a ancoragem ser mais segura. Passamos pelo St. Andrews Sound mais um dos vários desta região Sul da Geórgia que tem uma larga abertura para o mar, tendo o balanço característico das ondas.


Por do Sol na Cumberland Island 

Este cara passou a noite neste caiaque, amarrado no pau da marca

Dia seguinte (01/11) era domingo e fim do horário de verão (Daylight) nos Estados Unidos. Não da para chamar de horário de verão pois ele vai de Março a Novembro. Recuamos 1 hora e agora, com o horário de verão brasileiro, passamos a estar 3 horas "atrasados" para o Brasil. Dia quente com muito vento contra, do quadrante Sul, entre 16-20 nós e corrente contra. Ainda pela manhã antes de sairmos da Georgia passamos por um trecho de 5 mn de Safety Zone, onde a velocidade precisa ser reduzida, por causa de uma base de submarinos atômicos da US Navy, que fica estas 5 milhas rio adentro no St. Marys Sound.


A base naval 

Fort Clinch na barra do St. Marys Sound com o mar

E entramos na Florida, nosso sexto e último estado, por Fernandina Beach. À tarde cruzamos  a região de Jacksonville com muitas lanchinhas e jets-skys azucrinando. afinal era domingo. Vimos os primeiros golfinhos em substituição aos Botos, que são numerosos no trecho da Florida. Ancoramos a 2 horas de St. Augustine em Pine Island, num rio mais espaçoso e com vários outros cruzeiristas.


Na Florida a paisagem muda. Muito mais urbana...


A ancoragem em Pine Island, num afluente do Tolomato River

Segunda (02/11) zarpamos as 06:45h para chegarmos a uma poita da St. Augustine Municipal Marina,  às 08:50h, não sem antes passar a linda e basculante Bridge of Lions. St. Augustine como já escrevi aqui é a cidade mais antiga dos EUA, fundada pelos espanhóis que estiveram ali por mais de 300 anos, conserva em seu Centro Histórico muita coisa da sua história. Principalmente o Castillo de San Marcos, o forte que garantiu a presença espanhola por tanto tempo. E a marina municipal fica bem no Centro Histótico ao lado da Bridge of Lions.


A marina municipal de St. Augustine com a Ponte dos Leões ao fundo


Um exemplo da arquitetura histórica em St. Augustine