segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ponto Negativo para o SPOT

Usamos o localizador via satélite SPOT, no Tinguá, há três anos sem nenhum problema e tínhamos total confiança no sistema. Durante minha recente estada no Caribe tive um problema em que precisei de atendimento e o mesmo foi demorado e inadequado.

Tudo começou quando estava editando uma profile, ainda em Chaguaramas, Trinidad e Tobago, quando o sinal de internet caiu. Na manhã seguinte ao tentar acessar nossa conta SPOT novamente a senha não foi aceita. Nem a resposta a pergunta de segurança do esqueci a senha. Até que bloqueou a conta. Naturalmente sabia muito bem a senha, bem como a resposta a pergunta. Abri um case no site e recebi de imediato um destes emails resposta automatizados com o número do case, informando que um atendente responderia assim que possível e informando que poderia contactar a Central de Atendimento por tal endereço de email ou por um número 0800 do Brasil. Como não conseguiria uma ligação para 0800 do exterior enviei um email informando da situação, do case aberto e da minha impossibilidade em usar o 0800. Bem como informei meus dados, número do aparelho, etc.

Para resumir, só resolvi a situação ao retornar ao Brasil, no início de fevereiro, no tal número 0800. Fiquei durante o resto da viagem no Caribe impossibilitado de usar o equipamento, pois eles tentaram me contactar, somente vários dias depois, pelo celular e meu telefone residencial no Brasil. Mesmo tendo explicado no email que não estava usando celular e estava fora do país. A justificativa é que são procedimentos para a minha segurança. A burocracia supera o real objetivo do aparelho. Então, se você tiver problema no seu SPOT e não tiver sinal de telefone pode jogá-lo na água pois não vai servir para mais nada...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Do Caribe para o Tinguá

Chegamos do Caribe e encontramos o Tinguá "louco" para navegar. Jorge está trabalhando ainda mais que o normal na mudança de local e de processos em sua empresa e o Tinguá ficou 3 meses sem ver água salgada. Embarcamos já na sexta-feira à noite, mesmo com o tempo chuvoso que encontramos em Floripa. Por conta de um temporal armado e também para dar uma carga adequada nas baterias, dormimos no pier da sede centro do ICSC -VI, foi a primeira vez.

Sábado cedo rumamos para a Praia do Tinguá onde havíamos combinado um chuirrasco com minha filha, genro e netos que foram de lancha. No domingo velejamos pela baía de Canasvieiras, paramos para o Gabriel pescar e almoçarmos junto a Ilha do Francês. Deixamos o Tinguá na poita G5 da sede oceânica de Jurerê no meio da tarde para fugir da chuva. Que até agora não parou...

Hoje recebi uma notícia muito triste. O falecimento do velejador e amigo Vail Mony Filho ontem em Angra, devido a um infarto.
Morreu fazendo o que mais gostava. Amigo, alegre, sempre de bem com a vida Vail deixa um grande vazio. A Helena e demais familiares nossas condolências.

Vail e Helena e os amigos Zanella, Janjão e Zé Toriba no CCL2010

Charter nas BVI - 3 (Dicas)

Meu projeto inicial era fazer o charter nas Grenadines, iniciando-o depois do Natal. Esperava nesta época velejar com os brasileiros que subiram para o Caribe nesta temporada, como o Guga Buy, Flyer, Temujin, etc. Mesmo iniciando os contatos em Setembro não conseguimos veleiros (a não ser muito grandes) para esta época. Outra dificuldade eram as passagens aéreas.

Acabamos por mudar a data e o local. Optamos pelas Ilhas Virgens Britânicas (conhecidas pela sigla em inglês BVI) um tradicional local de charters no Caribe. Contribuíram na decisão a opinião do amigo velejador Cleidson Nunes (o Torpedinho), do Recife, e o relato do Philip Connoly , de Itajaí, que com amigos fez um charter lá em 2009, publicado na Velejar (números 45,46 e 47). Foram muitas horas de pesquisa na internet e inúmeros emails, mas como vocês já sabem o resultado compensou.

Escolhemos a Conch Charters por ter preços melhores que as gigantes do setor (The Moorings e Sunsail) e pela referência do Philip. É uma empresa pequena (30-40 barcos) mas muito organizada e eficiente, com barcos bem cuidados. O período de Dezembro a Abril é a alta temporada no Caribe. A Conch tem alguns períodos, chamados season special, onde a duração do charter é extendida em alguns dias pelo valor da semana. Pegamos um destes períodos e fizemos 10 dias de charter pelo valor de 7, no caso da alta temporada. Maio é um bom mês para um charter lá, pois é média temporada, tem season special e ainda não é temporada de furacões.

Considere um acréscimo de cerca de 15% do custo do aluguel do veleiro em seguro e taxas diversas. Além do seguro paga-se ao governo uma taxa de licença (Cruising Permit) de US$ 2/pessoa/dia e a Marine Conservation Permit (aquela taxa dos parques nacionais) fixada conforme o número de passageiros/barco/semana, no nosso caso US$45. Some-se ainda 20 dólares pelo tanque cheio do dingue e mais 20 pelo celular disponibilizado com os mesmos 20 dólares de crédito. Dentre os opcionais oferecidos o sleep aboard a US$ 25 por tripulante e a compra das provisões mediante o envio de uma relação antecipada. A Conch fornece free equipamentos de snorkel (menos tamanhos infantis) e pode sob consulta providenciar outros equipamentos e serviços, como traslado do aeroporto.

Resolvido o charter é preciso ver as passagens aéreas. Pesquisei muito, com voos via Miami, Caracas, Panamá e as variações a partir destes locais. Há muito poucas opções de voos do Brasil para o Caribe, mas há pouco tempo a Gol/Varig passou a operar três voos para lá (Curaçao/Aruba, Barbados e Sint Maarten, e agora também um charter para Punta Cana). São a melhor opção tanto em custo quanto em tempo e propiciam o menor número de escalas/conexões. Mas só há uma frequência por semana, aos sábados. Dentro do Caribe, principalmente para as ilhas com aeroportos menores como Tortola, a empresa regional LIAT é a que tem o melhor numero de opções e preço. Voa com turbo hélices Dash8 Série100 (29 lugares) e Série300 (48 lugares).


Um Dash8 no Aeroporto de Tortola

Nas BVI a língua é o Inglês, a mão de direção também, mas a moeda corrente é o Dólar Americano. A comida, tanto nos mercados como nos restaurantes, é mais cara que os nossos padrões. Procure fazer seu rancho na loja do centro de Road Town da RiteWay, a rede mais em conta, que leva as compras até a marina sem custo. Para reabastecer aconselho Cane Garden Bay e o mercado da Marina Leverick, pois nas outras marinas os preços são maiores.


Guia e o mapa da Conch Charters que tem fotos aéreas e rotas sugeridas

Sugiro um roteiro que dá a volta na Ilha de Tortola no sentido anti horário com parada nos pontos mais badalados, como o que fizemos, mostrado no mapa abaixo. Usei o guia náutico "To The Virgin Islands" de Nancy e Simon Scott, comprado de antemão na Amazon, que dá todas as informações de navegação, ancoragem, atrações e facilidades de cada local. No entanto, a Conch fornece, no briefing, um mapa visual e muitas informações além de manter um exemplar de um guia náutico da região no barco.


Nosso roteiro com os pontos de pernoite


Como comentei, em todos estes locais há poitas disponíveis ao custo de US$25 por pernoite. Durante o dia pode-se usar as poitas a vontade sem custo. Elas são instaladas e mantidas por uma empresa privada com excelente qualidade. Também pode-se ficar ancorado, excessão de alguns locais, como Machionnel Bay na Cooper Island, onde é proibido jogar âncora. Nos parques nacionais as poitas são livres (paga-se uma taxa obrigatória no inicio do charter), mas é proibido ancorar, pescar e pernoitar.

As poitas tem até manilha

Em todos estes locais há bons bares/restaurantes sempre com pier para os dingues e wireless grátis. O sistema é americano com cardápios diferentes para o lunch e para o dinner. A happy hour começa às 4 da tarde (até as 6 costuma ter incentivos nos preços dos drinques) bastante animada, em alguns com música ao vivo. No Caribe são muito comum os punchs, drinques a base de rum e sucos de frutas. Nas BVI há um punch tradicional conhecido por Painkiller. Gostossíssimo é preparado com suco de abacaxi e laranja, leite de coco, gelo, noz moscada on top e navy rum. O atendente vai te perguntar "What number?" O Painkiller pode ser numero 2, 3 ou 4 conforme o numero de onças (1 oz imperial = 28,4 ml) de rum. Manda logo um número 4...

Caneca para Painkiller do Pusser´s

Em vários locais há marinas que oferecem toda a estrutura com poitas, pier, combustível, água, gelo, banhos, recolhimento de lixo, bar/restaurantes, hotel, mercado, lojas. Todos serviços pagos. Algumas dicas: na Leverick Bay Marina na baía de North Sound na Virgin Gorda , se usares uma poita (US$ 25 o pernoite) tens direito a 200 galões de água e um sacão de gelo free, bem como o uso dos banheiros. O lixo é cobrado a razão de 2-3 dolares por saco. Compre sacos grandes para economizar ou descarte-os em Cane Garden Bay onde existem conteiners públicos ou guarde-os até o final do charter para descartá-los na marina da Conch.

Em North Sound recomendo ainda uma visita ao Saba Rock, construido sobre uma pequena ilhota, bar/restaurante, hotel e gift shop muito bonito e animado. Para quem pernoita em suas poitas também franqueia água e gelo. Em Marina Cay o Pusser's tem uma comida de primeira e o melhor Painkiller que experimentamos. E foram muitos...

O Saba Rock na North Sound, Virgin Gorda

Também valem a visita o Foxy's em Jost Van Dyke e o Pirates Bight, em Norman Island. Um lugar que não é badalado e gostamos muito foi a Guana Island: a Monkey Point é um ótimo ponto para snorkel e a White Bay tem uma linda praia pouco movimentada.

Em frente ao Foxy's na Great Harbour, de Jost Van Dyke


Da onde vem o nome Guana Island
Fotos do charter nas BVI em www.picasaweb.google.com/lflbeltrao/BVI2011.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Charter nas BVI - 2

O charter e o restante da viagem pelo Caribe (St.Maarten/St.Martin e Barbados) foram tão bons que não sobrou tempo para postar. Não vou fazer uma descrição detalhada do charter, mas um relato geral e depois vou publicar um post com dicas baseadas na nossa experiência, pois várias pessoas já me pediram informações.

Final de tarde no Francis Drake Channel, visto de Cooper Island

Nove dias foi pouco para conhecer tudo. As Ilhas Virgens Britânicas (BVI) são como a região de Angra dos Reis, só que com vento e pouca chuva. A vegetação não tem a exuberância da Mata Atlântica (lá as ilhas são de origem vulcânica) mas a água é ainda mais transparente e com aqueles tons de azul do Caribe. São muitas ilhas, inúmeras praias e baías, muitos pontos para mergulho e snorkel e uma estrutura turística voltada para os veleiros e iates invejável. Ah! Não tem aquela quantidade de lanchas de Angra. Lá os veleiros dominam com poucas lanchas pequenas, quase nenhuma na faixa dos 40-50 pés e grandes iates, que não incomodam pois se movimentam pouco. Tortola, a ilha principal e maior, faz as vezes da Ilha Grande. Ao redor dela ficam as outras, com excessão de Anegada a mais distante, com destaque para as ilhas Virgin Gorda, Jost Van Dyke, Norman, Peter, Cooper e Guana.


Pelo tempo que dispunhamos optamos por contornar Tortola no sentido anti-horário e conhecer os pontos mais badalados. Tortola é oito vezes menor que a Ilha de Santa Catarina e alongada no sentido nordeste-sudoeste. Os ventos predominam de sudeste até norte, principalmente entre leste e nordeste. Sempre na faixa de 10-25 nós. Só pegamos ventos mais fracos no final da tarde de sábado e no domingo antes das chuvas. Fora algumas chuvas rápidas durante a noite só tivemos chuva no domingo (7º dia) no inicio da manhã, depois limpou e voltou a chover à tarde, limpando novamente antes de escurecer.


Meninos se divertindo no único dia chuvoso (notem a bandeira do Brasil)

Dormimos em Peter e Cooper Island, duas noites em pontos diferentes da baía North Sound em Virgin Gorda, na Marina Cay (pequena e muito charmosa), em Jost Van Dyke uma vez próximos a Green Cay e na outra na Great Harbour (única noite na âncora) e na última noite em Norman Island.

Ancoragem na Machionnel Bay, em Cooper Island

Visitamos a formação de grandes pedras chamadas The Baths, na Virgin Gorda. Fizemos snorkel na Great Harbour e na Deadman's Bay, em Peter Island, no Colquhoun Reef, em North Sound, na Marina Cay, na Monkey Point, em Guana Island, na Sandy Spit, em Green Cay, na Sandy Cay, nas rochas The Indians e nas The Caves, em Norman Island.

The Baths, no sul da Virgin Gorda

Sandy Spit em Green Cay

Saída da maior das The Caves, em Norman Island

Pelican Island e as rochas The Indians

Na ida a Miami comprei uma câmera digital muito interessante. A TX5 da Sony é fina, fotografa embaixo d'agua até 3m, faz fotos panorâmicas, tem maior resistência a variações de temperaturas e quedas. No PicasaWeb tem várias fotos submarinas feitas com ela.

Raia com Olhete em Marina Cay

Velejamos por entre as ilhas The Dogs e conhecemos Soper's Hole, uma abrigada baía com grande estrutura náutica. Estivemos também em Cane Garden Bay uma praia bonita na Ilha de Tortola, mas convencional. Só nos abastecemos no mercado e já zarpamos.

Entrando na abrigada Soper's Hole, que tem grande apoio náutico

Cane Garden Bay fica na ilha principal e tem acesso fácil de carro

As distâncias entre as ilhas são pequenas. A maior foi de 18 mn entre Marina Cay e Cane Garden Bay, mas paramos para fazer snorkel em Monkey Point, na Guana Island. Não fomos as Ilhas Virgens Americanas apesar de passar a 1/2 milha da costa de St.John's. Teríamos de fazer imigração dos dois lados e as ilhas tem muito menos baías e praias do que as BVI.

Monkey Point, em Guana Island

Em todos os locais, que não são parques nacionais, existe alguma estrutura. Ao menos um bar/restaurante de praia ou um hotel quase sempre com pier para desembarque. Nos mais movimentados marinas com hotel, poitas, água, combustível, gelo, banhos, lojas, mercado, restaurantes. Mas as ilhas são pouco ou nada habitadas.

Restaurante, bar e hotel Saba Rock, na North Sound, Virgin Gorda


Soper's Hole Marina & Wharf

Gabriel no famoso bar de praia Foxy's em Great Harbour, Jost Van Dyke

Vários locais, principalmente os com fundo de corais, são parques nacionais. Neles não se pode ancorar, pescar e pernoitar. Mas o órgão responsável disponibiliza poitas para os barcos e um cabo entre duas bóias "apoitadas" para amarrar os botinhos. Paga-se uma taxa por isto por período do charter.

The Caves, em Norman Island, um dos parques nacionais

Os meninos se divertiram pescando. Apesar de pouco experientes e equipados conseguiram pegar alguns peixes, todos saboreados a bordo. Via-se muitos peixes rondando o veleiro, mas fisgá-los sem iscas adequadas não era nada fácil. Durante as velejadas, nos deslocamentos, eles sempre corricavam.

Gabriel e Guilherme com o primeiro Bonito pego no corrico

Só usamos o motor nas chegadas e saídas (mais por segurança) e nos deslocamentos o mantíamos em ponto motor para carregar as baterias, principalmente por causa da geladeira já que não tinhamos placa solar ou outro recurso e não paramos nenhuma vez em pier a não ser para reabastecer de água e completar o diesel antes de entregar o barco. Era só na vela.

Gui e o Moyo na Leverick Marina abastecendo de água

O "Moyo" (Beneteau 403) se comportou muito bem. Muito confortável e funcional, gostoso de velejar. Já estamos sentindo saudades. D.Claci até falou que dava para morar...e Eu descobri que meu tamanho é 40'...

Muitas fotos e alguns clips em www.picasaweb.google.com/lflbeltrao.