Nesta última semana um dos assuntos dominantes no grupo de discussão da ABVC, no Yahoo, foi a utilização de cartas náuticas digitais em smartphones e tablets. Já existe a disposição, tanto para a plataforma iOS (Apple) como Android vários aplicativos para navegação digital, bem como encontramos à venda uma infinidade de acessórios para facilitar a sua utilização, tais como suportes, capas a prova d'água, carregadores 12V e muito mais. Assim como aconteceu com os localizadores por satélite pessoais tempos atrás agora os navegadores estão descobrindo as possibilidades de uso dos seus smartphones e tablets para a navegação náutica. Vou contar minha experiência.
A exemplo dos localizadores por satélite pessoais, como o SPOT, sem dúvida o mais popular entre nós, em contra ponto aos sistemas de localização Epirb, a navegação com smartphones e tablets versus chartplotters tem alguns aspectos muito interessantes. Com o desenvolvimento e popularização destes equipamentos, notadamente em suas capacidades de processamento e inclusão de GPS puros - isto é que utilizam diretamente o sinal do sistema GPS sem depender de outro tipo de sinal como wifi ou celular - o seu uso na navegação náutica passou a se difundir. Tenho um tablet iPad2 (o da maçã mordida) e optei pelo aplicativo da Navionics por ser uma empresa tradicional no segmento, desenvolvedora de cartas náuticas digitais compatíveis com equipamentos da Furuno, Lowrance, Hummerbird e outros. Meu GPS primário de navegação no Tinguá é um Garmin 76CSx com cartas digitais CCD Gold. Então não optei pelo uso no smartphone pois manteria a principal desvantagem do meu Garmin que é o tamanho reduzido da tela.
Para não me alongar muito, vou logo dizendo que estou gostando muito. Por US$ 49,99 (a versão com as cartas do Caribe e Amécia do Sul, lado do Atlântico) a mais que o custo do meu tablete (que não foi adquirido pensando neste uso) tenho um chartplotter com tela de 10 polegadas touch screen, contra milhares de dólares dos equipamentos tradicionais (no Brasil mais de dezena de milhares de reais). Calma! Sei que os equipamentos tradicionais oferecem mais como maior numero de informações, adequação ao uso náutico, integração, robustez, confiabilidade, etc. Mas, para o uso da maioria de nós em travessias e cruzeiros costeiros e relativamente curtos, atende muito bem, com uma excelente relação custo x benefício. Tenho uma visão excelente da carta com os recursos de navegação (zoom, deslocamento) nativos dos tablets, traço e edito uma rota rapidamente com toques na tela, se tiver sinal de wifi ou celular tenho informações meteorológicas e de marés on line, flexibilidade podendo usá-lo no cockpit ou na cabine, na mão ou num suporte.
Navionics no iPad
Outro ponto forte é o rápido desenvolvimento destes aplicativos. Tenho o meu há 7 meses e a evolução vem sendo muito rápida. Novos acessórios também vem sendo desenvolvidos como, por exemplo, um hardware para comunicação wifi - NMEA, que permite a integração com outros equipamentos, como o piloto automático.
Com o novo módulo de navegação (á direita na tela) que ainda não testei no mar
Naturalmente o utilizo como um complemento a navegação, nunca deixando de lado meu GPS náutico, bússola e as cartas em papel. Por outro lado a carta da Navionics não possui, no caso da América do Sul, o nivel de informação da CCD Gold ou da GPSMapas, que implementam muitas informações adicionais, atualizações checadas por navegadores, rotas recomendadas para a entrada em barras e portos, que nos auxiliam muito na navegação. Resta torcermos para que estes últimos também desenvolvam seus sistemas para os smartphones e tablets.
Um detalhe para quem for comprar o iPad. Para funcionar o GPS puro precisar ser de um dos modelos com wifi + chip de celular (parece uma contradição, não).
Um detalhe para quem for comprar o iPad. Para funcionar o GPS puro precisar ser de um dos modelos com wifi + chip de celular (parece uma contradição, não).
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