quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Travessia Annapolis-Florida - Etapa 5 Charleston (SC) - Savannah (GA)

Na segunda feira (26/10) encostamos cedo na fuel dock para abastecer de diesel e às 7:40h iniciamos a navegada. Devagar contornamos a península de Charleston pois no inicio da IntraCoastal para Savannah tem uma ponte que não abre entre 6:00-9:00 h. Vento do quadrante Norte de 12 até 20 nós. Passamos a manhã toda utilizando a genoa e nos ocupando pois a trimagem era constante com as muitas curvas do caminho. Mas ajudou bastante principalmente quando a corrente era contra.

Perfil de Charleston vista do outro rio, o Ashley River

"Genoando"

Nesta região chamada Lowcountry que vai da metade sul da Carolina do Sul até a fronteira da Georgia com a Florida os rios são largos e de boa profundidade e muito sinuosos. É um emaranhado deles. Muitas vezes vários deles se encontram formando os sounds, que em alguns casos estão em comunicação direta com o oceano. Difícil explicar o conceito de sound. Para eles aqui não é uma baía nem um lago ou lagoa. Fazendo um paralelo com o Brasil, a Baia de Babitonga, a de Paranaguá seriam aqui chamadas de sound. Naturalmente tem menores e maiores. Para “encurtar” a waterway existem vários cuts, que são canais artificiais, para passar de um rio ao outro. Uma hora se esta descendo um rio passa-se pelo cut e passa-se a  subir no outro. Assim o rumo vai mudando de Leste até Oeste, enquanto nosso objetivo é o Sul. Nos cuts é onde estão os baixios (shoalings), principalmete nas suas entradas e saídas, na maré baixa, que varia de 2m para mais (até aqui já pegamos 2,62 m). Isto também provoca muita troca de sentido da corrente.  É uma região muito bonita sempre com os marsh (terras inundáveis, portanto úmidas, espécie de pântano) cobertos pelo capim Sweetgrass na beira da água e as construções mais ao fundo na terra firme.

As construções ficam "atrás" do marsh

Dia todo nublado e no final da tarde a chuva prevista chegou, devagar. Só foi desabar justo na hora da ancoragem e ainda com forte vento na cara. Tentamos uma ancoragem num afluente conforme uma indicação mas era muito raso, chegamos a raspar o fundo. Retornamos algumas centenas de metros e ancoramos com 2,5 m (na maré baixa) e bom espaço num braço do rio principal mesmo, em Brickyard Point.

O dia seguinte amanheceu chuvoso e ventoso. Mudamos os planos. Resolvemos sair só mais para o final da manhã quando a corrente estivesse favorável e ir até Beaufort (esta a da Carolina do Sul) a 4,6 mn. Em Beaufort tem uma ponte de abrir com horários bem complicados. Assim no dia seguinte já estaríamos do outro lado dela e ainda conheceríamos a cidade. Atracamos no píer flutuante municipal. Muitos municípios as margens da ICW mantem piers com atracação grátis para que se possa visitar a cidade. A placa dizia que não poderia permanecer ali entre 01:00 e 6:00 h. Estava tão bom que resolvi arriscar. Não deu outra a 01:00 h em ponto uma dupla de policiais nos pediu gentilmente que deixássemos o píer. Fomos para a ancoragem logo ao lado.

O pier municipal de Beaufort (SC)

Beaufort (SC) com chuva

Na quarta (28/10) saímos às 07:10 h com chuva e vento Sul forte. E foi assim a manhã toda. O vento pela proa entre 14-22 nós e a chuva indo e vindo em curtos intervalos. Na travessia do Port Royal Sound o vento se manteve entre 29-32 nós, provocando marolas bem mexidas. Para piorar foi o pior dia de correntes contra, chegamos a pegar quase 4 nós. A tarde o tempo foi melhorando e chegamos em Thunderbolt, na periferia de Savannah, na Bend Marina, com sol às 15:45 h. Até aqui foram 14 dias, sendo 12 navegando, e 635 milhas náuticas.


Atravessando o Port Royal Sound 

Cargueiro chinês no Savannah River 

Caiaques no final do dia, Wilmington River, Thunderbolt (GA) 

TinguaCat na Savannah Bend Marina 

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