segunda-feira, 20 de abril de 2009

Ufa! Já Estamos em São Chico

Os últimos dias foram corridos no Cruzeiro Costa Sul. Em função das condições do mar, que nos davam pouca probabilidade de adentrarmos a Barra de Cananéia, decidiu-se na reunião dos comandantes (14/04) esperar um dia em Santos e zarparmos no dia 16 às nove horas da manhã, para chegarmos próximo a hora do estofo da maré.

Foi a melhor navegada até agora. O mar ainda com ondas em torno de 2m, mas longas, e um bom vento SE que nos acompanhou por quase todo o percurso, nos permitiu velejar, sem ajuda do motor, por várias horas. Chegamos cedo e rumamos para a Ilha do Bom Abrigo, onde ancoramos às 05:40h para dar um cochilo. Pouco depois chegou o Revanche, do Cmdte. Celso Farias, com os amigos Saul e Didi, que veio direto de Florianópolis para o Celso fazer sua primeira travessia do Varadouro conosco.


O Revanche ancorado na Ilha do Bom Abrigo.

Às 8:00h rumamos para demandar a Barra de Cananéia na ordem definida pelo Comodoro do CCS2009 José Zanella (Guga Buy). A passagem foi tranquila com a rota preparada pelo Ivan Perdigão, do Taai Fung II, e a recomendada da carta náutica digital CCDGold. Até o veleiro Gameio, que chegou com problemas de motor, entrou rebocado pelo Millenium Star. Ancoramos no Centro Náutico Cananéia, do velejador Marcos Bernauer, onde almoçamos. E toca para fazer o Varadouro que agora está tudo acelerado.


Rebentação nas margens da barra de Cananéia.



Na verdade até a Baía de Paranaguá pelo chamado Mar de Dentro, são dois canais o de Ararapira e o do Varadouro, este com um trecho artificial, construído na década de 30, e a Baía dos Pinheiros, além do trecho inicial na Baía do Trapande em Cananéia, num total de 45 mn. Fomos guiados pelo Jefferson Rizental Gomes, com seu trawler Savannah, que já nos aguardava em Cananéia. Jefferson é sócio da ABVC, conhecedor dos canais e gente finíssima.


O troller Savannah.

E lá foi aquela "tripa" de 12 veleiros seguindo o Savannah. Aliás 11, na primeira parte, pois o Gameio ficou consertando o motor e o Delta32 Forrobodó, do Iate Clube de Paranaguá (ICP), se juntou a nós. Deixei a pilotagem com o Celso para aproveitar a paisagem e fotografar. Foi a minha segunda vez, a primeira em 2005 no Volúpia do Cmdte. Pratts, com quilha retrátil. Por isto tinha uma certa apreensão com os 1,55m de calado do Tinguá. Na verdade com o peso que carregava uns 1,60m.


Flotilha do CCS2009 liderada pelo Savannah.

Saímos do Mar de Dentro e adentramos o Canal de Ararapira chegando no final da tarde, após cerca de 03:40h, na vila de Marujá, que fica na Ilha do Cardoso, onde fundeamos para passar a noite. O Ararapira é o trecho mais tranquilo e passamos apenas com uma pequena encalhada do Tangata Manu, do Ricardo Amatucci, bem na frente do Tinguá. Estávamos uns 2 m mais afastados da margem pois vinhamos seguindo a rota recomendada da CCDGold, que aliás se mostrou perfeita. Acontece que eramos quase os últimos e fica difícil acertar o local exato em que o Savannah havia passado e em muitos locais um metro faz toda a diferença. Nós do Tinguá jantamos peixe e camarão numa das rústicas pousadas da vila.

Fudeados em Marujá.

Continuamos a expedição às 09:30h do dia seguinte, já com o Gameio reincorporado. Antes, apreciamos um bonito amanhecer e fomos conhecer a praia, pois o Oceano Atlântico está a apenas 300m do canal. Agora sim estávamos percorrendo o Varadouro, mais estreito e complicado, o Tinguá entre os primeiros da fila. Na Baía dos Pinheiros ainda compramos ostras do Pedrinho, que contatado pelo rádio (dica do Jefferson e do seu companheiro Bandil, outro ABVCziano e velejador do Paraná), esperou nossa passagem em sua canoa.


Em perfeita fila indiana pelos canais.

Chegamos a Baía de Paranaguá por volta das 15:30h, após alguns pequenos encalhes na flotilha, muito menos que o esperado, graças ao conhecimento do Jeferson. O Tinguá passou incólume, sem tocar o fundo. Constatei também que é possível fazer este passeio somente com a CCDGold, sem a ajuda de um conhecedor ou piloteiro.

O Canal do Varadouro é mais estreito.

Na Baía de Paranaguá rumamos para a sub sede do ICP, na Ilha da Cotinga, próxima ao porto, por volta das seis horas, onde nos esperava a parte da flotilha de maior calado, que não fez o Varadouro. O ICP nos ofereceu um churrasco, desta vez assado pelo Franco, tripulante do Mony. Não, mudou para o Millenium Star, agora para o...impossível saber.

No dia seguinte (19/04) às seis da matina, toca pegar a "estrada" novamente para São Francisco do Sul, um dia adiantado para fugir de uma frente fria que subia célere a costa sul do Brasil. Saindo no Canal da Galheta uma aurora maravilhosa, como maravilhoso foi o dia, maravilhoso estava o mar de azeite, só o vento foi ficando fraquinho.


Aurora na Baía de Paranaguá, com a Ilha das Cobras ao fundo.

Chegamos no interior da Baía da Babitonga às 16:30h com os veleiros se agrupando para chegarem juntos na cidade. Com a chegada do último integrante do grupo rumamos para o trecho final, Guga Buy do comodoro à frente, mas eis que havia um banco de areia no caminho, que muitos relaxados com a espera não perceberam. Lá ficaram o Alondra, Taai Fung, Mony e Malungo. O Alondra se soltou rápido sozinho, o Taai Fung com a ajuda do catanaram Craca-A-Toa, do Cmdte. Assis, que completava 60 anos neste dia. Já com os "quarenta" Mony e Malungo a coisa foi mais difícil, com a maré vazando ainda. Após quase uma hora de indecisão o restante da flotilha rumou para o centro, enquanto os encalhados aguardavam a ajuda providenciada. Ao chegarmos no último ponto da rota, antes do fundeio em frente ao centro histórico de São Chico, a frente fria chegou. Foi a conta certa... Parabéns ao nosso "homem do tempo" Ivan Perdigão. Na cidade rolava a tradicional Festilha.

Recem fundeados em frente a São Chico.

O Tinguá já está em terras catarinas após mais de 4 meses de navegadas pelos mares mais ao norte. Logo estaremos em casa.

(Veja mais fotos em www.picasaweb.google.com/lflbeltrao/costasul1009)

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